31 de ago. de 2012

O CHORO DOS INOCENTES

ABRAHAM SHAPIRO

“Foi uma grande festa” – dizia o diretor presidente durante a reunião em que manifestava sua necessidade de contratar a nossa consultoria. “Gastamos uma nota. Levamos toda a equipe para três dias num resort caríssimo, e contratamos uma consultoria de S. Paulo para motivá-los e prepará-los para o momento auge: o anúncio da Visão, Valores e Missão da empresa. Aplausos, gritos de guerra, todos felizes. E eu pensava: ‘agora vai!’ Mas sabe o que aconteceu? Todos voltaram, viram as declarações escritas em todos os cantos, mas tudo continuou igual a antes. As mesmas reclamações de clientes, os mesmos erros de qualidade, vendas baixas e a concorrência nos comendo pelas pernas. Não sei o que fazer. Nunca mais entro nesta fria!”
Seria aquele discurso um dejá vù? Eu havia estado com outros diretores igualmente desencantados com muitas consultorias que lhes propuseram declarações de Missão, Visão e Valores como salvação de suas empresas.
Concordo que, de fato, é afrodisíaco ver todas aquelas frases por escrito espalhadas desde a entrada aos banheiros da companhia.  Mas, quase sempre são inócuas. Todo mundo sabe disso, mas não admite. Especialmente porque tudo depende da “hora da verdade” de cada funcionário. E, por eles não terem na mente o mesmo pensamento dos consultores que escreveram a Missão, Visão e Valores, eles não estão nem aí para isso. Utilizam seu próprio modo de pensar e decidir. 
A barreira é a mentalidade. As empresas não investem em treinamentos. E quando investem, não fazem o que é preciso. Treinar procedimentos é bom, sim. Mas é essencial criar uma cultura através da educação e capacitação sobre princípios.
Valores e visões que se transformem numa “missão real” nascem disso, e não da sugestão de gente que, além de nada conhecerem da empresa, mandam uma conta de um milhão por algo que já sabem que jamais irá funcionar.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é simplicidade. É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome - Inspirações para a Vida, o Trabalho e os Relacionamentos", Editora nVersos, 2012. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473

30 de ago. de 2012

O QUE OS FUNCIONÁRIOS FAZEM QUANDO NÃO SABEM O QUE FAZER

ABRAHAM SHAPIRO


Depois de várias reuniões com os gerentes e técnicos daquela empresa, chegamos ao texto final do filme-treinamento que produziríamos com a finalidade de resolver, entre outros problemas,  a enxurrada de reclamações de clientes.
Os negócios iam mal. Caíam vertiginosamente há meses.
Detectamos que a prestação de serviços estava ruim. Por ser uma empresa com muitas filiais, os funcionários não tinham uma procedimentação básica. Cada filial havia criado seu próprio modelo de atendimento e atuava segundo ele.
Chegou o dia das filmagens. A equipe da produtora realizou excelente trabalho com o roteiro que criamos.  Naquela noite, eu ofereci uma rodada de pizza com cerveja a todos eles.
Enquanto comemorávamos, um dos técnicos fez um comentário inocente.  Ele disse que o funcionário da empresa escolhido para atuar no filme negava-se a representar vários dos procedimentos padrões detalhados no roteiro tendo como justificativa que ninguém desempenhava nada parecido com aquilo.
Lá estava a confirmação viva de que o nosso diagnóstico estava corretíssimo.
Os diretores e chefes repousavam na boa fé de que seus funcionários cumpriam um “protocolo” que nem eles e nem ninguém havia desenvolvido em tempo algum, e lugar nenhum. Este era o X da questão.  
Enquanto isso, da noite para o dia os clientes, crescentemente insatisfeitos, tornavam-se detratores da marca, contratando o concorrente.
Isso estará acontecendo na sua empresa?
Como vc sabe que sim ou não?
Não se norteie pelas suas próprias impressões ou pelas de seus gerentes. Os internos à empresa são como pilotos de caça quando perdem a noção de espaço e, sem se darem conta, voam de cabeça para baixo.
Busque a avaliação de especialistas. E lembre-se que, na sua ou em qualquer empresa, na ausência de objetivos e regras claras, as pessoas farão o que acharem correto – ou simplesmente não farão nada!
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é simplicidade. É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome - Inspirações para a Vida, o Trabalho e os Relacionamentos", Editora nVersos, 2012. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473

29 de ago. de 2012

INOVAÇÕES SÃO COMO INVESTIMENTOS FINANCEIROS

ABRAHAM SHAPIRO

Sabe qual é o maior desafio de qualquer empresa – inclusive da sua? Descobrir quais desafios resolver. Como as organizações têm dinheiro e recursos limitados, é essencial priorizar.
Lembra da Blockbuster – rede norteamericana de aluguel de filmes? Apesar de estar constantemente inovando, nunca inovou naquilo que era mais necessário: seu modelo de negócio. Investiu muita energia, mas não chegou a lugar algum. Pediu concordata.
Se você é um investidor financeiro, sabe muito bem que colocar todo o seu dinheiro num tipo de poupança que dê 1% de rendimento ao mês pode ser seguro, mas seu investimento nunca irá crescer. Você terminará pobre.
Por outro lado, colocar todo o seu dinheiro em investimentos especulativos arriscados com enorme potencial de valorização é algo que representa ao mesmo tempo uma grande chance de desvalorização. Isto poderá levá-lo para a sarjeta.
Muitas empresas querem inovar. O mercado pede por inovações.  Mas um canal de inovações necessita de tanta administração quanto uma carteira de investimentos. E também de prioridades. Inovar por inovar é inócuo. É preciso saber que a coisa certa está sendo feita com o mínimo risco – porque sempre existem riscos.
A Xerox é uma empresa focada em inovações radicais. Implantou o seu Centro de Pesquisas de Palo Alto, na Califórnia. Mesmo assim, poucas vezes encontrou maneiras de colocar a grande parte de suas invenções no mercado. Sabe quem mais se beneficiou do trabalho duro da Xerox? A Aple, de Steve Jobs.
Vou repetir: inovação é algo que merece tanto cuidado quanto investimentos financeiros.
Por isso, não se arrisque demais, pois em matéria de inovações e várias outras atitudes na vida é preciso ter em mente que a diferença entre um canal de água e uma tubulação de esgoto é apenas o que passa dentro.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é simplicidade. É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome - Inspirações para a Vida, o Trabalho e os Relacionamentos", Editora nVersos, 2012. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473

28 de ago. de 2012

A OBSESSÃO PELO MELHOR

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LEILA FERREIRA
Estamos obcecados com "o melhor". Não sei quando foi que começou essa mania, mas hoje só queremos saber do "melhor". Tem que ser o melhor computador, o melhor carro, o melhor emprego, a melhor dieta, a melhor operadora de celular, o melhor tênis, o melhor vinho Bom não basta.
O ideal é ter o top de linha, aquele que deixa os outros pra trás e que nos distingue, nos faz sentir importantes, porque, afinal, estamos com "o melhor". Isso até que outro "melhor" apareça e é uma questão de dias ou de horas até isso acontecer.
Novas marcas surgem a todo instante.  Novas possibilidades também. E o que era melhor, de repente, nos parece superado, modesto, aquém do que podemos ter.
O que acontece, quando só queremos o melhor, é que passamos a viver inquietos, numa espécie de insatisfação permanente, num eterno desassossego.
Não desfrutamos do que temos ou conquistamos, porque estamos de olho no que falta conquistar ou ter. Cada comercial na TV nos convence de que merecemos ter mais do que temos. Cada artigo que lemos nos faz imaginar que os outros (ah, os outros...) estão vivendo melhor, comprando melhor, amando melhor, ganhando melhores salários. Aí a gente não relaxa, porque tem que correr atrás, de preferência com o melhor tênis.
Não que a gente deva se acomodar ou se contentar sempre com menos. Mas o menos, às vezes, é mais do que suficiente.  Se não dirijo a 140, preciso realmente de um carro com tanta potência?  Se gosto do que faço no meu trabalho, tenho que subir na empresa e assumir o cargo de chefia que vai me matar de estresse porque é o melhor cargo da empresa?  E aquela TV de não sei quantas polegadas que acabou com o espaço do meu quarto? O restaurante onde sinto saudades da comida de casa e vou porque tem o "melhor chef"? Aquele xampu que usei durante anos tem que ser aposentado porque agora existe um melhor e dez vezes mais caro?  O cabeleireiro do meu bairro tem mesmo que ser trocado pelo "melhor cabeleireiro"?
Tenho pensado no quanto essa busca permanente do melhor tem nos deixados ansiosos e nos impedido de desfrutar o "bom" que já temos. A casa que é pequena, mas nos acolhe. O emprego que não paga tão bem, mas nos enche de alegria. A TV que está velha, mas nunca deu defeito. O homem que tem defeitos (como nós), mas nos faz mais felizes do que os homens "perfeitos". As férias que não vão ser na Europa, porque o dinheiro não deu, mas vai me dar à chance de estar perto de quem amo...  O rosto que já não é jovem, mas carrega as marcas das histórias que me constituem. O corpo que já não é mais jovem, mas está vivo e sente prazer.
Será que a gente precisa mesmo de mais do que isso? Ou será que isso já é o melhor e na busca do "melhor" a gente nem percebeu?
"Sofremos demais pelo pouco que nos falta e alegramo-nos pouco pelo muito que temos." (Shakespeare)
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Leila Ferreira é uma jornalista mineira com mestrado em Letras e doutora em comunicação em Londres. Apesar disso, optou por viver uma vidinha mais simples, em Belo Horizonte.

TALENTO DE MUITOS

ABRAHAM SHAPIRO

Conheço muitos chefes de empresas: bons, maus, competentes, herdeiros que superaram seus antecessores, herdeiros que não chegaram nem aos pés de seus pais – gente comandando gente. Se dirigem bem ou não, se fazem besteiras ou injustiças, o preço que pagarem por suas tolices e asneiras nos dirá.
Quero falar daqueles que imergem em seus negócios; que estudam seu mercado, se esforçam para compreender as necessidades reais dos clientes e arrumam tempo para conhecer o caráter humano como meio de realizar uma gestão à altura das competências de seus colaboradores.
Estes não são simples gestores. São líderes verdadeiros.
Mas quando o assunto é liderança empresarial, um grande engano toma conta do julgamento das pessoas por conta do senso comum. Uma empresa depende do talento de muitas pessoas, e não apenas de uma só. Ela carece de talentos em número tal que, na ausência destes, poderá ver seus objetivos principais não atingidos.
É por esta razão que ter um RH permanentemente voltado à identificação, seleção, contratação e manutenção de talentos para preencher os quadros da empresa não é opcional, mas obrigatório. Bons colaboradores e gestores sintonizados aos negócios não são uma busca aleatória. Não me refiro somente às áreas estratégicas. É para toda a empresa.
Uma organização de sucesso terá obrigatoriamente pessoas excepcionais na base de todos os seus processos, ações, produção, planos, e práticas.
Olhe para a indústria automobilística. Henry Ford definiu os produtos e a tecnologia deste segmento. Mas quem fixou as estruturas necessárias para geri-los – algo de que o próprio Ford era incapaz –, foi Alfred Sloan, na General Motors.
Por melhor que seja o maestro, se os instrumentistas não forem afinados e bons intérpretes, o conjunto todo estará ao nível da mediocridade – ou até abaixo disso. Nada ilustra tão bem as  empresas quanto esta imagem.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é simplicidade. É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome - Inspirações para a Vida, o Trabalho e os Relacionamentos", Editora nVersos, 2012. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473

27 de ago. de 2012

PERGUNTAS QUE NÃO CALAM

Artigo publicado no jornal FOLHA DE LONDRINA, em 27/08/2012, na coluna ABRAHAM SHAPIRO, em Empregos e Concursos.

ABRAHAM SHAPIRO


Muitos dos meus queridos clientes e amigos, ouvintes e leitores das minhas colunas –  gente com quem encontro várias vezes no café, na academia, nos aeroportos da vida – fazem-me perguntas muito parecidas em determinado momento da conversa. Todos – alguns mais, outros menos – buscam uma luz com que confirmar expectativas ou libertar pensamentos aprisionados por suposições negativas geradas pelas notícias da economia mundial e nacional.
- “Com a queda do PIB do país, de que modo devemos reagir?”
- “No começo do ano, minha estratégia era de crescimento. E agora? Não sei mais o que fazer. Devo retroceder?”
Bem. Como ser humano, sou uma pessoa naturalmente positiva. Sempre encontro uma saída para manter a chama do meu ânimo acesa. Talvez me julguem otimista demais por conseguir cantarolar uma música mesmo em momentos de infortúnio. Creio ser influência direta da minha formação religiosa por onde abstraí princípios de confiança, fé e a compreensão de que tudo é parte de um plano elevado criado pelo Arquiteto do Universo.
Já como consultor, sou obrigado a avaliar dados, informações e concluir a partir disto.
É certo que este ano o PIB caiu muito em relação aos anos passados. Mas faça uma rápida análise. Você deixou de comer por causa disso? As pessoas pararam de tomar banho? De se vestir? Quantos somos neste país? Essa mercadoria toda não carece de caixas de papelão e caminhões para seu transporte? E papel? E computadores? E calçados, carros, bebidas? Tudo!
Quer saber qual é a melhor alternativa? Aqui vai: “anime-se!”
Nada de achar que a macroeconomia irá amassar a sua empresa na proporção de um elefante pisando uma latinha de refrigerante.
Busque e encontre a sua boa vontade. Depois, levante-se e tenha força! Abra as suas válvulas interiores e libere “todo o vapor” necessário para produzir, contratar, treinar, selecionar, avaliar, investir, lutar, estudar, planejar, vender...  
Não perca nenhuma oportunidade! E elas são muitas, todos os dias!
Força! Força! Seja forte!
Você tem muito a fazer! Pois então, faça!
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é simplicidade. É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome - Inspirações para a Vida, o Trabalho e os Relacionamentos", Editora nVersos, 2012. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473

24 de ago. de 2012

A VERDADEIRA FORÇA DA SUA MARCA

ABRAHAM SHAPIRO

Definitivamente, é preciso ter a consciência ligada na maior verdade do marketing. Uma marca não é apenas um nome, um logotipo e um slogan de posicionamento. Ela constitui a percepção predominante das pessoas quando expostas aos produtos ou serviços que portam esta marca.
Para os que ainda não notaram, uma marca é a reputação que permanece depois das experiências reais de consumo.
Por mais que a empresa tenha os melhores profissionais de marketing desempenhando seu papel, nenhuma estratégia é capaz de “salvar” um produto ou um serviço ruim. É a experiência dos clientes que conta. Se ela for distinta da imagem transmitida pela propaganda, o que predomina é o depoimento dos clientes insatisfeitos.
O cliente mede, o tempo todo, a capacidade da empresa gerar os benefícios que ele procura. Ele quer encontrar esses benefícios. E paga por isso.
O benefício de um sabão em pó, por exemplo, está no produto em si, representado por sua marca. Não importa qual a empresa que o produz.
Já com um salão de beleza não é assim. O nome e o logotipo podem estampar uma placa maravilhosa e os aventais dos funcionários. Mas o que voga, de fato, é o serviço prestado. O tratamento e o resultado final devem estar acima do satisfatório. Só assim o conjunto será positivo.
E quanto mais profissionais estiverem envolvidos no serviço, mais complicado torna-se alcançar a satisfação do cliente. É o caso de restaurantes e hotéis.
Ouça uma coisa e pare de procurar pelo em casca de ovo nos seus negócios. Todos os seus clientes estão dispostos a pagar mais por um serviço excelente. E quem ainda não é cliente, também. Portanto, não invente coisas. Trate de treinar o atendimento pessoal, ao telefone, via Internet e de todas as outras modalidades que a sua organização se propõe a prestar. Só assim você terá a sorte de fechar os melhores negócios e deixar definitivamente os seus concorrentes para trás.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é simplicidade. É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome - Inspirações para a Vida, o Trabalho e os Relacionamentos", Editora nVersos, 2012. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473

23 de ago. de 2012

A INTELIGÊNCIA DE UM PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS

ABRAHAM SHAPIRO
Quando foi que ocorreu a última promoção de cargo na sua empresa? A pergunta tem uma razão simples. Sua resposta mede a presença ou ausência de uma estratégia clara de captação e retenção de talentos.
Já ouviu falar na Ernst & Young –  empresa de auditoria e serviços corporativos presente em 140 países e com mais de 130 mil funcionários? Seu plano de carreira é um poderoso atrativo de talentos. Com o lema: "Hoje Trainee, Amanhã Sócio", a empresa traduz sua real intenção para com seus funcionários e nunca enfrenta escassez alguma de mão de obra em seus quadros.
Uma das formas de se chegar a uma decente gestão de pessoas e talentos é através do que se chama “Plano de Cargos e Salários”, isto é, um conjunto de regras que estipulam como os colaboradores podem progredir com relação ao salário ou a funções.
Do que depende um plano interessante de Cargos e Salários? Primeiramente, de mudar a mentalidade da empresa – o que não é fácil, especialmente no caso de muitas empresas familiares cujos sócios se sentem “senhores feudais”.
Em segundo, dos objetivos de cada função da estrutura organizacional – da base ao topo. E se você acha que a sua empresa tem claros os objetivos e procedimentos de seus colaboradores, é melhor conferir, pois isto é tão raro por aqui quanto encontrar um diamante incrustado no asfalto de uma rua da cidade.
Em tempos de escassez de mão de obra, por exemplo, um Plano de Cargos e Salários competente será um atrativo diferencial para retenção e atração de novos talentos. Ninguém pode negar. O funcionário se sente cuidado e reconhecido. Afinal, mais do que um plano de saúde pago pela empresa, qualquer colaborador deseja ser digno do maior de todos os benefícios: sua manutenção própria e de sua família de modo meritório e progressivo.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é simplicidade. É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome - Inspirações para a Vida, o Trabalho e os Relacionamentos", Editora nVersos, 2012. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473

22 de ago. de 2012

A TRAGÉDIA DA INCOMPETÊNCIA

ABRAHAM SHAPIRO

Mude um incompetente de lugar ou de função quantas vezes quiser e puder, e você verá que ele continua incompetente.
Incompetência é doença. Mas haverá algo pior do que
um chefe incompetente? Seu sinal mais evidente é a
imposição pela força.
Incompetência é doença. Grave. Não se cura com remedinho, nem com simples mudança de lugar, status social ou função. Requer tratamento correto, e não maquiagem. É deficiência profunda. Pode ocorrer tanto por falta, quanto por excesso. Incompetência só se cura com dedicação, trabalho duro, auto-aprimoramento, correção, ajuste, reajuste e todos os demais sinônimos destas palavras em qualquer idioma ou dialeto.
Problemas no casamento não se resolvem com viagens, nem com mais filhos. Incompetência não se acerta com mudanças exteriores.
Um incompetente é comparável a um incêndio: demore a agir, e você terá perdido tudo.
Qual é o antídoto da incompetência? Treinamento severo, constante e crescente. Requer primeiro que o “paciente” tenha consciência de seu estado. Após o auto-reconhecimento, sua necessidade despertará a disposição para mudar. Só então ele estará pronto inserir-se no processo de salvamento. Antes disso, tolice é tentar.
Novo começo, mudança de área, de função ou de equipe só remetem “o desastre” a outro endereço. É jogar oportunidades fora e “queimar o filme” do coitado. Pense proativamente antes de agir para recuperá-lo. Visualize os objetivos desejados. Então, invista do modo correta – seja em um ou mais incompetentes do seu patrimônio. Recupere-o, e você vacinará os demais colaboradores contra esta terrível doença.
Mas se o seu objetivo é isolar a sua empresa da incompetência, o passo a ser dado é fortalecer a seleção de novos funcionários. Utilize todas as ferramentas de avaliação possíveis antes de admiti-los. Trazer um novo incompetente para dentro do ambiente empresarial corresponde a injetar veneno na sua estrutura de pessoas. O estrago pode ser incalculável. Não arrisque.
Moral da história. Permitir que um incompetente permaneça como tal por muito tempo compara-se somente a ser amarrado à frente de um leão. Em outras palavras, o que quero dizer é: escapar à tragédia da incompetência é quase impossível!
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é simplicidade. É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome - Inspirações para a Vida, o Trabalho e os Relacionamentos", Editora nVersos, 2012. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473

21 de ago. de 2012

O MEDO QUE ATRAPALHA O DESEMPENHO DO VENDEDOR

ABRAHAM SHAPIRO

Medo é um dos sentimentos mais prejudiciais ao profissional de vendas. Medo de se expôr, de cometer um erro, medo de espantar o cliente com o preço, de incomodar, de agendar visitas etc.
Por medo, a apresentação do produto ou serviço fica a dever,  e o vendedor não se libera mentalmente para chegar ao fechamento.
Todas as etapas do processo de venda exigem ser realizadas num determinado “timing”. Passado este “ponto ideal”, a oportunidade se foi.
Qual a raiz deste medo? Interiormente: falta de capacitação e de conhecimento do produto. Exteriormente: deficiência na qualidade do produto, falta de apoio da empresa ou do gestor, e outras.
Fora isso, o vendedor profissional sabe que seu pensamento tem de ser positivo o tempo todo, e suas imagens mentais “agarradas” ao sucesso. Para conseguir isto, ele deverá desenvolver suas percepções próprias de que o produto que vende é bom. Caso não o faça, ele comunicará subliminarmente ao cliente a mensagem de que o valor daquilo que vende é suspeito.
Certa vez, alguém questionou um mestre em vendas com a seguinte pergunta:
- “E as situações em que tudo vai bem e assim mesmo o cliente não compra?  Quando um não quer, dois não brigam?”
E o mestre respondeu:
- "Se o cliente não quer comprar, respeite sua escolha. O produto é bom mesmo? Então fale exatamente isto a ele, com autenticidade. Ele se sentirá em paz,  enxergará a  sua verdade e os benefícios  reais. Faça tudo o que puder para que ele  veja e sinta o que o seu produto tem de bom. Ao conseguir isto, ele não irá querer outra coisa, somente o seu produto. Insista em fazer o bem aos clientes. O que fizer a eles se voltará a você. Agora, que história é essa de ‘quando um não quer dois não brigam’? Não é de briga que estamos falando. É de venda!"
A lição serve para você? Para mim sempre!
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é simplicidade. É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome - Inspirações para a Vida, o Trabalho e os Relacionamentos", Editora nVersos, 2012. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473

20 de ago. de 2012

CUM POTENTE SOCIETAS

Artigo publicado no jornal FOLHA DE LONDRINA, em 20/08/2012, na coluna ABRAHAM SHAPIRO, em Empregos e Concursos.

ABRAHAM SHAPIRO


Jamais se associe a alguém muito mais poderoso que você. Uma sociedade já exige um rol prévio bastante grande de ressalvas e cuidados especiais. Se, além disso, as diferenças entre os parceiros forem demais gritantes, a aliança tenderá a distorções ainda maiores, e o produto serão crises complexas –  muitas delas insolúveis.
É o sábio Esopo, um filósofo que há mais de 2.500 anos contava histórias aos atenienses, quem desperta nossa atenção a este problema presente na vida de preocupante número de empresários em todo o mundo.
Conta o sábio grego uma fábula cuja versão aqui apresentada é uma modesta variante, porém, com moral excepcionalmente verdadeira.
Uma novilha, uma cabra e uma dócil ovelha se aliaram ao rei leão a fim de aumentarem o abastecimento de madeiras no local onde viviam. Implantaram o negócio e conseguiram grande lucro. Chegou o dia da partilha. Os lucros foram divididos em quatro porções iguais, como rezava o contrato societário.
Chegou o leão diante de seus sócios e pô-se a considerar:
- “A primeira parte dos lucros é toda minha, cabe-me por direito, pois sou o rei da floresta e todas as primícias a mim pertencem. A segunda também me cabe, pois sou um bravo e corajoso animal, capaz de fazer tremer grandes feras apenas com o meu rugido. A terceira não hesitarei em tomar, pois entre vocês sou o mais forte e mais poderoso. E com respeito à quarta parte, ai daquele que nela tocar.”
Em latim, a moral é apresentada como: “Societas cum potente numquam est fidelis”, ou a tradução: “A sociedade com o poderoso nunca é confiável”.
E quanto a você? Pretende entrar numa sociedade? Não o faça sem antes conhecer o caráter do candidato a sócio. Lembre-se do ensinamento de Esopo e garanta não só a sua paz futura,como também o bom funcionamento do seu estômago.




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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é simplicidade. É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome - Inspirações para a Vida, o Trabalho e os Relacionamentos", Editora nVersos, 2012. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473

17 de ago. de 2012

LIDERANÇA, VENDAS E SERVIÇO



ABRAHAM SHAPIRO


Para quem não sabe, um organograma é um gráfico que representa a estrutura formal de uma organização. Os organogramas mostram como estão dispostas as unidades funcionais, a hierarquia e as relações de comunicação existentes entre elas.
O modelo de organograma mais empregado nas empresas é a pirâmide, com um diretor geral no topo e cargos subordinados abaixo dele.  Essa estrutura foi estabelecida com base no exército de Napoleão Bonaparte.
Dia desses, eu discutia com um cliente uma tática comercial a ser implantada em sua empresa, quando ele tomou uma folha de papel e desenhou a estrutura de seu departamento de vendas exatamente naquele formado: o diretor  acima de todos, os gerentes regionais logo abaixo, descendo para os supervisores e coordenadores e, na base, os vendedores.
Minha estratégia dependia de um forte engajamento de todos os envolvidos na operação –   que, entre outros problemas a resolver, tinha à frente o lançamento de uma nova linha de produtos.
Foi neste momento que eu enunciei um princípio de gestão que se tornou a luz sobre a questão em voga. Eu disse: “Os melhores líderes são servidores de sua gente”.
A decisão surgiu! O diretor virou o organograma de cabeça para baixo. No topo ficaram os vendedores, servidos e atendidos pelos coordenadores e supervisores, gerentes e, por fim, o diretor, embaixo de todos, como provedor dos recursos e demais necessidades para que a estratégia atingisse seu fim.
Não há como fugir disso nos dias de hoje. Vendedores olham para vendas. Supervisores, gerentes e diretores olham para os vendedores, aplicam-se a entender as razões porque vendem ou não,  e preocupam-se em lhes proporcionar as condições corretas  ou ideais, se possível, para que vendam quantidade e qualidade. É assim mesmo. A explicação? Numa empresa, se não houver vendas, nada mais existirá!
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é simplicidade. É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome - Inspirações para a Vida, o Trabalho e os Relacionamentos", Editora nVersos, 2012. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473

16 de ago. de 2012

ESPECIALISTAS NÃO VEEM OUTRAS DIREÇÕES



ABRAHAM SHAPIRO


Contam que uma grande companhia de produtos de higiene pessoal queria desenvolver um creme dental que clareasse os dentes sem cloro ou abrasivos. Os especialistas não tinham uma solução, e resolveram simplificar o pensamento. Perguntaram-se: “O que faz os dentes ficarem mais brancos?”
A pergunta era simples, de fato. Mas para eles não havia resposta sem uso de cloro ou abrasivos.
De qualquer modo, sempre que se simplifica um problema  torna-se mais fácil chegar a uma solução ou novo contexto. Eu descobri isto há muito tempo. E é daí que transformei a minha consultoria e o coaching que ministro a gerentes e diretores em ações que os auxiliem a simplificar a vida e o trabalho. Eu os faço ver as coisas de que estão convencidos desde outro ponto. Com mais simplicidade, eles alcançam novas conclusões, mais inovadoras.
Quer saber onde foi que aqueles pesquisadores de pasta de dente encontraram a solução para o problema?  Numa outra unidade da empresa, que fabricava sabão em pó.  Eles viram que não seria preciso usar cloro.  A maioria dos sabões em pó usa um agente que tinge o tecido de azul e faz o branco parecer branco. Foi assim que nasceu o Signal White Now – e outras marcas da Unilever.  Em lugar de cloro e abrasivos, estes cremes dentais contêm  um corante azul que cria uma ilusão de ótica imediata de brancura.
A especialização, muitas vezes, é a maior inimiga da inovação. Quanto mais você sabe sobre determinado assunto, mais difícil será pensar nele de maneira diferente, pois as suas soluções e propostas talvez sejam do tipo: “já passei por isso, e é assim que se deve fazer”.  Pois é. Pode não ser assim.
Quer romper barreiras? Inclua pessoas de  diferentes áreas e experiências na sua equipe... e deixe-as falar.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é simplicidade. É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome - Inspirações para a Vida, o Trabalho e os Relacionamentos", Editora nVersos, 2012. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473

15 de ago. de 2012

A MAIS NOVA INVENÇÃO NACIONAL



ABRAHAM SHAPIRO


Paulinho chega ao hotel na Av Paulista, em São Paulo, e registra-se para ocupar um apartamento. O pagamento deve ser feito na entrada. O atendente diz o valor a ser pago: R$ 279,00.  Paulo questiona:
- Ali na tela está escrito o valor de R$ 239,00.
E o atendente responde de pronto:
- Desculpe, mas talvez o senhor não tenha lido bem. O que está escrito é ‘a partir de R$ 239,00’.
E Paulo insiste:
- Ok. Dê-me, então, um quarto de R$ 239,00.
E o rapaz:
- Hoje não será possível,  senhor. Nossa política de preços exige que cobremos a tarifa máxima sempre que há algum evento em S. Paulo. E como amanhã começa uma feira no Anhembi, o valor que estamos cobrando já é R$ 279,00.
- Ei! Espere um pouco! – responde o indignado Paulinho. E quando é que não existe algum evento em S. Paulo?
Boa pergunta, Paulo. Tenho que admitir. Mas o atendente dirá o tempo todo que segue ordens. E você ficará desapontado inutilmente.
A técnica empregada por este hotel consiste em alguns passos fáceis de serem praticados. Escreva um preço atraente bem grande num cartaz ou numa tela,  e em cima deste valor escreva bem pequeno: “A PARTIR DE”. Isso trará consumidores como formigas ao açucareiro. Uma vez que eles tenham entrado e perguntado, você agora diz o preço que realmente quer cobrar pelo produto e, em caso de alguém ralhar, diga que você segue ordens.
Olhe bem, e você verá o famigerado A PARTIR DE em tudo, por aí. Móveis, carros, celulares, eletrodomésticos. É o truque do momento para usurpar  clientes.
Convença-se de que não adianta nada argumentar. Faça como eu: cuide para evitar um  enfarte. E se depois disso você  ainda tiver emoção suficiente, aplauda. Afinal, você está diante de mais uma das invenções nacionais de gênio para driblar o Código de Defesa do Consumidor.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é simplicidade. É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome - Inspirações para a Vida, o Trabalho e os Relacionamentos", Editora nVersos, 2012. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473

14 de ago. de 2012

COACHING DEVE SER VISTO COMO FORMA DE DESENVOLVER LIDERANÇAS

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Letícia Arcoverde | Valor
O coaching visto como ferramenta de aceleração de lideranças, sem o estigma de saída para consertar problemas pontuais, e como grandes empresas adotam a prática na cultura da organização. Esses foram os principais assuntos discutidos no fórum da International Coach Federation (ICF), que aconteceu ontem na 38ª edição do Conarh, Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas, em São Paulo.
Com origem familiar, 110 anos de história e cada vez mais presença internacional, a produtora de aços Gerdau instituiu um programa de coaching há um ano, após uma pesquisa para identificar os espaços onde o desenvolvimento de lideranças precisava ser acelerado. O programa acontece no Brasil, Estados Unidos e começa a ser desenvolvido em outras unidades da América Latina. “Faz parte da gestão de sucessão”, explica a diretora de desenvolvimento de pessoas Denise Casagrande.
Os executivos participantes são mapeados por comitês, que buscam identificar profissionais com potencial para seguir carreira e assumir cargos de liderança. “O trabalho de coaching serve para assegurar que o líder esteja preparado para futuros desafios”, explica o presidente da ICF global, o argentino Damian Goldvarg. Além de desenvolver lideranças, a melhoria da produtividade e do trabalho em equipe são questões que podem ser tratadas com o uso da ferramenta. A ICF possui um programa de credenciamento para coachs, que já reúne oito mil no mundo todo. A federação está presente no Brasil há três anos.
Na Natura, a gerente de desenvolvimento Marisa Vieira Godoi explica que o coaching é um aliado a mais na capacitação de pessoas em um momento em que a empresa registra alto crescimento – e que ela chama de “grande revolução”. “Ter alguém de fora para desenvolver comportamento e competências, e ajudar nesse momento de transição, é algo que tem papel de destaque na empresa hoje”, explica.
Já o Comitê Rio 2016, responsável pela organização dos próximos Jogos Olímpicos, aposta no coaching para lidar com as diferentes origens dos profissionais que fazem parte da equipe, que inclui executivos vindos de diversos tipos de empresas, organizações governamentais e esportistas. Ao mesmo tempo, a gerente geral de RH Elizabeth Correia explica que o comitê assume tanto um caráter de empresa multinacional – pela relação direta com o Comitê Olímpico Internacional – quanto de organização pública, por lidar com os governos municipal e federal. “Um dos desafios é como lidar com essas diferenças e sutilezas”, diz. No Comitê Rio 2016, o programa de coaching tem duração de seis meses e inclui o presidente e os diretores.
Denise diz que é preciso acabar com a ideia de que as pessoas que recebem coaching estão lá porque “é a última chance” e que a prática serve apenas para resolver problemas pontuais. Uma solução, de acordo com ela, é mudar a forma de como a ferramenta é apresentada. “Na Gerdau, por exemplo, o foco do programa é o desenvolvimento”, diz.

A FACE OCULTA DO VAREJO



ABRAHAM SHAPIRO


É preciso ser mestre, hoje em dia,  para conseguir fisgar o precioso dinheirinho do consumidor – que, no Brasil, já se mostra desconfiado e começa a poupar mais do que comprar. Depois de décadas consumindo de forma quase incompreensível, hoje o brasileiro já não se deixa seduzir facilmente por propagandas caras ou aparências.
Embora o poder de compra tenha diminuído em todo o mundo, homens e mulheres deste país tendem a consumir por impulso, lançando mão de crédito. Pesquisas mostram que a preferência se volta a consumir os produtos de três frentes: tecnologia, lazer e bem-estar.
O lojista não disputa mais o cliente com a loja ao lado, mas com tudo o que possa chamar  sua atenção e dividir seu precioso tempo livre. Livros, por exemplo, hoje eu só compro pela Internet. CD? Nem pensar? Compro arquivos em MP3, também pela Rede Mundial. E assim, tênis, roupas, eletrodomésticos, a lista é longa. Acredito que em pouco tempo tudo será mais fácil adquirir pela Internet – remédios, inclusive.
O desafio está em transformar a experiência da compra numa satisfação autêntica para o cliente, numa experiência completa, e não só na troca de bens por dinheiro.
A atenção deve voltar-se para quatro pontos imprescindíveis:
1) conhecer os hábitos de vida do público alvo;
2) ter a loja bem desenhada, bonita e moderna;
3) um mix de produtos adequado ao tipo de consumidor que se pretende receber;
4) manter a equipe de atendimento não bem, mas perfeitamente treinada.
Você conhece, de fato e com profundidade, o seu consumidor potencial? Se não, comece entendendo que este cliente está disposto a pagar pelo que tem valor e é perceptível a seus cinco sentidos e ou emoção.
Produzir produtos a bom preço e negligenciar a qualidade é mortal. Mas não é só por preço e qualidade que a decisão de compra é tomada. Aprenda definitivamente que, quem come salsicha quer sentir o sabor da carne. Não importa quanta farinha foi misturada.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é simplicidade. É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome - Inspirações para a Vida, o Trabalho e os Relacionamentos", Editora nVersos, 2012. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473

13 de ago. de 2012

AS LIÇÕES NADA FÁCEIS DA CONCORRÊNCIA



Artigo publicado no jornal FOLHA DE LONDRINA, em 13/08/2012, na coluna ABRAHAM SHAPIRO, em Empregos e Concursos.

ABRAHAM SHAPIRO


Dois amigos fazem trilha numa floresta do Canadá quando dão de cara com um urso faminto de 250 quilos. Um deles tira as botas e calça um tênis de corrida. O outro lhe pergunta:
- O que está fazendo? Você não consegue correr mais rápido que um urso.
O primeiro então responde:
- Eu sei. Mas só preciso correr mais rápido que você!
Esta história sarcástica nos ensina uma lição simples, porém, difícil de ser praticada em negócios. Concorrência exige que se estaja um passo à frente do concorrente para não ser comido por ele.
Há concorrentes famintos demais por aí. E quando você está tentando ir mais rápido do que o urso – o seu concorrente atual –  precisa ter certeza de que não irá encontrar um tigre ou uma hiena – um novo concorrente.
Mas você sabe onde está a dificuldade em manter-se um passo à frente da concorrência? Em mudar!
Os tempos atuais exigem de todos amplas mudanças  no modo de pensar, de planejar e de realizar. Isto subentende “capacidade de adaptação”.
Empresas com equipes fortes, com vendas fortes e com recursos fortes, ficam paradas olhando o que têm de forte, e se esquecem de que “não é o mais forte que sobrevive, porém o mais adaptado”.
O que é preciso então? Flexibilidade e agilidade, porque, se o ritmo de mudanças fora da sua organização é maior que o ritmo das mudanças dentro dela, você passará por maus momentos tentando sobreviver, e poderá ser comido.
Sabe como termina a história dos dois amigos na floresta? O segundo espera o primeiro sair correndo e então permanece parado porque ele sabe que ursos enxergam mal e só caçam presas em movimento.
Moral da história: na floresta ou nos negócios  é importante conhecer os hábitos de caça dos grandes carnívoros. Contudo, mais importante do que isto é saber como escolher amigos!
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é simplicidade. É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome - Inspirações para a Vida, o Trabalho e os Relacionamentos", Editora nVersos, 2012. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473

10 de ago. de 2012

FIQUE DENTRO DO QUADRADO, MAS PENSE MELHOR




ABRAHAM SHAPIRO


Conheci o diretor de uma empresa que era inepto e incompetente ao mesmo tempo. Uau! Esta conjunção é verdadeiramente trágica para qualquer negócio. Mas naquele caso, nem tanto, pelo menos enquanto tiverem dinheiro para cobrir os prejuízos que resultam das loucuras daquele diretor – um herdeiro mal preparado e teimoso.
O que ele melhor fazia era repetir chavões. Um dos que ele gritava para seus subordinados era: “Saiam do chiqueiro, pessoal! Pensem fora do quadrado”.
E eu perguntava para os meus botões: “Quem é que sabe, de fato, fazer isto?”
Em vez de pensar fora do quadrado, não seria melhor dar um quadrado maior a partir do qual fosse possível criar novas visões e inovações?


Eu nunca gostei de pensamentos prontos e indiscutíveis. Minha formação teve uma característica que hoje reputo como riqueza a ponto de tê-la passado para meus filhos como legado: sempre tive o hábito de discutir –  o tempo todo. Eu adoro argumentar. Sem discussão, não há avanços. Se alguém põe uma barreira  diante de mim, eu não paro simplesmente até que a removam de lá. Eu primeiro tenho a audácia – ou talvez insolência – de questionar. Para mim, argumentar e discutir a fim de buscar soluções melhores é um ganho para o mundo e para a vida.
Dizem que Einstein certa vez afirmou: “Se eu tivesse uma hora para salvar o mundo, passaria 59 minutos definindo o problema e 1 minuto procurando soluções”. Einstein estava certo, pois, discutir e definir um problema conduz automaticamente à solução. Torna-se mais fácil resolvê-lo. Na minha experiência em consultoria, no entanto, vejo que as empresas  gastam os 60 minutos procurando soluções para problemas que não importam ou não existem.
Desafios bem definidos orientam os esforços, diminuem as limitações de modo útil e, no fim das contas, ampliam as dimensões do quadrado. E não é isto o que realmente importa?
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é simplicidade. É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome - Inspirações para a Vida, o Trabalho e os Relacionamentos", Editora nVersos, 2012. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473

9 de ago. de 2012

O TEMPERO ESSENCIAL DA REALIZAÇÃO




ABRAHAM SHAPIRO

Para uma imensa maioria de empresários, sua empresa é um meio para fazerem fortuna, e não um fim. Por isso, eles nunca chegarão a realizar nada de grandioso, porque seria preciso que o negócio fosse o fim, e não o dinheiro.
É claro que toda empresa só se move pelo lucro. Mas ganho real, força de marca, valor de produtos não se alcançam quando o alvo é fazer riqueza.
A vida ensina isto. Tudo o que é feito para se alcançar outra coisa, torna-se parcial.  Em qualquer área a verdadeira excelência só pode ser atingida quando aquilo que se faz é produzido em função de si mesmo, e não como meio para se chegar a outros fins.
Do que estou falando? De paixão.
A maior parte das empresas familiares é um exemplo disso. O pai pobre, um dia sonhou com um negócio. Lutou com sacrifício e implantou-o. Depois, suou sangue para melhorá-lo a fim de  conseguir produtividade e qualidade, até que, o efeito do trabalho duro foi uma marca conhecida. Como consequência, isto se converteu em riqueza.
Quando seus herdeiros assumem, o que eles sabem sobre o esforço que o pai demandou  em edificar a empresa? O que sabem sobre o combustível que fez este empreendimento tornar-se grande ou importante? Eles olham e o que veem? Apenas uma máquina deixada pelo pai para continuar produzindo dinheiro – um tipo diferente de caixa eletrônico.
Os representantes comerciais – que no começo chegaram como amigos –, os clientes – antes fidelizados com benefícios verdadeiros –, os fornecedores – antigos parceiros de horas difícieis –, agora são meras partes de uma relação fria e interesseira. Por quê? Não há mais a paixão. Ela desapareceu.
Se você se identifica com algo do que digo, pense na paixão. Sinta paixão pelo seu trabalho. Sem ela, você poderá até ganhar muito dinheiro, mas será um ganho sem sabor, sem lastro e sem sentido. Agora me responda: quanto vale tudo isto?
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é simplicidade. É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome - Inspirações para a Vida, o Trabalho e os Relacionamentos", Editora nVersos, 2012. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473

8 de ago. de 2012

FALAR SEM PARAR



ABRAHAM SHAPIRO


A garotinha ficou inquieta com o sermão do pregador que se arrastava por mais de uma interminável hora. De repente, ela se vira para a mãe e sussurra:
- Mãe, se dermos o dinheiro agora será que ele nos deixa ir embora logo?
Pequenas histórias como esta sempre trazem um fundo de moral. Eu conheço pessoas que se acham importantes demais, sábias demais, necessárias demais e que, por isso, monopolizam o tempo em favor de falar, falar e falar.
Uma delas é chefe numa pequena empresa numa cidade do interior. Por não reunir as competências suficientes para o cargo e fazer dele apenas seu ganha-pão, este chefe nutre uma necessidade escandalosa de “aparecer” em todas as ocasiões e eventos da empresa. Seja o que for, lá está ele a meter o bedelho e a opinar sobre tudo e todos.
Se ele conhece o assunto, fala. Se não conhece, também fala. E aproveita para atacar verbalmente as pessoas diante de seus colegas e subordinados.
Quando seus discursos começam, todos se vestem do mesmo sentimento visível daquela garotinha disposta a dar dinheiro para que o pregador a deixasse livre da tortura do sermão. Os pobres funcionários da empresa estariam verdadeiramente dispostos a pagar o que fosse para que o chefe se calasse e os deixasse fazer seu trabalho.
O nome disto é prolixidade – falar sem parar e sem qualquer objetivo.
A cura da prolixidade está em ter consciência de que quem tem muito a comunicar utiliza poucas palavras. Quem muito sabe, expressa-se breve e assertivamente. Um coração satisfeito não precisa se aparecer.
Você viverá muitos anos e, se ainda não observou, verá que só as pessoas vazias se impõem pelo muito falar ou pela força. É que o vácuo interior que elas sentem produz uma sensação de morte. Daí, elas falam – não importa o que. É só mesmo para se sentirem vivas.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é simplicidade. É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome - Inspirações para a Vida, o Trabalho e os Relacionamentos", Editora nVersos, 2012. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473

7 de ago. de 2012

RECONHECER ERROS PRÓPRIOS



ABRAHAM SHAPIRO


Um sujeito estava dirigindo na estrada quando seu celular tocou. Ao atender, ele ouve a voz de sua esposa preocupada:
- Amor, acabei de ouvir no noticiário que há um maluco em um carro indo na contramão da estrada que você pega para vir para casa.  Por favor, tenha cuidado.
E o marido responde:
- Sim, meu bem, eu já estou sabendo.  Mas não é apenas um. São centenas deles!
Não há pessoas mais difíceis do que aquelas que se acham certas a despeito de todas as evidências contrárias. Todo mundo acha ter razão naquilo que pensa e faz. Porém, nas vezes em que o equívoco está demonstrado, não há o que fazer senão admitir a falha e corrigir-se.
Mas sabe por que as pessoas resistem tanto a isso? Ou é por orgulho, ou pela intenção de submeter os que estão à sua volta através da força.
Ao longo da História, os povos dominantes têm implantado o hábito de impor seus valores hegemônicos sobre as culturas que dominam. Na marra. Exemplos existem aos montes: romanos perseguindo cristãos; cristãos convertendo índios; nazistas perseguindo Judeus; europeus colonizando a África.
Mas o que aconteceu com todos estes déspotas? Ou desapareceram, ou minguaram até a milésima parte do poder que um dia tiveram.
A liderança autêntica se fundamenta na humildade e sobretudo na capacidade de reconhecer os próprios erros. A razão? Todo líder do bem se encontra num processo ininterrupto de desenvolvimento. Seus erros são importantes porque os conhecendo, ele buscará entender a raiz do processo pelo qual errou, e os corrigirá na origem, para que não venha a optar pelas mesmas decisões no futuro.
O domínio verdadeiro e real está em reconhecer erros, e não em afirmá-los. Coroa e glória estão reservadas para os que assim procedem –  junto de muita alegria e paz.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é simplicidade. É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome - Inspirações para a Vida, o Trabalho e os Relacionamentos", Editora nVersos, 2012. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473

COMO VENDER PARA A CLASSE C


MARCOS COBRA


A chamada nova classe média, ou classe C — constituída de uma parte da população que estava excluída do mapa de consumo até poucos anos atrás —, já representa 54% da população brasileira, com mais de 100 milhões de pessoas. Esse novo consumidor quer comprar de tudo: roupas, eletrodomésticos, eletrônicos, carros, imóveis e até produtos de luxo. Mas, junto com a ascensão desses indivíduos ao maravilhoso mundo das compras, surgiu outro desafio, ainda não totalmente equacionado: como adequar produtos e serviços a esse novo comprador, alvo de cobiça de nove entre dez profissionais de marketing?

É preciso repensar produtos e serviços que melhor atendam aos anseios desse novo consumidor que migrou da base da pirâmide para um patamar intermediário. Isso significa verificar não apenas a influência dos velhos hábitos de consumo sobre as novas aspirações, mas sobretudo ir ao inusitado, descobrindo o que se passa na mente desse consumidor. Por meio de técnicas da neurociência, a neuroeconomia e o neuromarketing devem identificar desejos explícitos e ocultos de forma a desenvolver novos produtos e novos serviços para atender à demanda inconsciente dessa nova classe média.


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É preciso reinventar a propaganda, as marcas, reposicionar produtos e, sobretudo, descobrir o marketing que funciona para esses novos compradores.

Embora dispondo agora de maior renda, a nova classe média, ou classe C, tende a manter seus velhos hábitos de consumo e ir, gradativamente, incorporando outros. Esses indivíduos demonstram preocupações momentâneas de entretenimento (poder usufruir melhor o tempo livre), pagamento de dívidas, aplicação das sobras do orçamento na poupança e viagens (realizar visitas a parentes e amigos em outros estados, voar pela primeira vez de avião e conhecer novos lugares).

O que demanda soluções inovadoras para a classe C pode ser dividido em quatro categorias principais: produtos de luxo (vestuário, bijuteria, eletrônicos, carros); imóveis; educação (cursos profissionalizantes a distância); entretenimento (cinema, shows musicais, “baladas” e reuniões em família e com amigos); habitação  (imóveis com concepção multiuso e acolhedor para os agregados da família); e produtos de conveniência  (facilidade de compra pela internet e entregas rápidas).

Design thinking

A abordagem de vendas para a classe C deve levar em conta os meios tradicionais de comunicação como as mídias rádio e TV, mas precisa ter um outro formato, diferente e atrativo, além de dedicar muita atenção às mídias sociais. E precisa considerar que uma boa parte da venda em lojas físicas migrou para o varejo virtual. Para vender para esses consumidores emergentes, em primeiro lugar é preciso entender o que aspiram:

1. Fartura à mesa — carnes, aves e derivativos, cereais e leite;

2. Segurança — direito a viver sem sobressaltos;

3. Fazer festas — confraternizar com a família e amigos;

4. Trocar de carro — de preferência, modelos com motor mais potente;

5. Comprar imóvel — desde o primeiro imóvel próprio até ter outros para alugar;

6. Educação — para ter direito a uma ascensão profissional, cultural e social.

Mas não se trata apenas de redesenhar produtos e serviços para atender a essa nova demanda, mas de redefini-los, ouvindo o que o novo consumidor necessita e deseja, através de técnicas de pesquisas em design thinking. É preciso fazer uma reengenharia. E isso envolve produtos do segmento luxo, como também a concepção de serviços diferenciados e, em alguns casos, até mesmo inusitados.


Uma das ferramentas mais úteis na formatação de uma estratégia para a classe C é o design thinking. O designer enxerga como um problema tudo aquilo que prejudica ou impede a experiência (emocional, cognitiva, estética) e o bem-estar na vida das pessoas (considerando todos os aspectos da vida, como o trabalho, lazer, relacionamentos, cultura, etc.). Sua principal tarefa é mapear a nova classe C, identificar as causas e as consequências das dificuldades e ser mais assertivo na busca por soluções sobre que produto oferecer e como ele deve ser apresentado. O profissional deve estar sempre experimentando novos caminhos e aberto a novas alternativas: o erro gera aprendizados que o ajudam a traçar direções alternativas e identificar oportunidades para a inovação.

Para incorporar o design thinking à estratégia de vendas, as empresas precisam considerar:

1. Imersão — preliminar e em profundidade. A primeira tem como objetivo o reenquadramento e o entendimento do problema, enquanto a segunda destina-se a identificação de necessidade e oportunidades que irão nortear a geração de soluções para a fase seguinte que é a ideação.

2. Análise e síntese — das informações coletadas, para a compreensão do problema.

3. Ideação — gerar ideias inovadoras para atender às necessidades e desejos explícitos e ocultos das pessoas da classe C.  Nessa etapa é comum o uso de brainstorming, para estimular a geração de um grande número de ideias em pouco tempo, e encontrar soluções a problemas por meio de produtos e/ou serviços. Elaborado um cardápio de ideias, o segundo passo é um posicionamento dessas ideias com o objetivo de apoiar o processo de escolha de produtos e/ou serviços.

4. Prototipação — é a etapa em que se procura validar a ideia gerada, construindo um protótipo do produto ou serviço.

5. Teste de mercado — a ideia do produto é apresentada a possíveis compradores, para testar a aceitação do produto.

6. Transformar — as soluções inovadoras em negócios.

E os desafios não cessam. Afinal, quando a classe C ascender para a classe B, vai provocar uma alteração ainda mais intensa do que a primeira ascensão social.

Quem está no topo da pirâmide social consome artigos caros para se distinguir dos demais, pois a distinção é decorrente da conquista do capital econômico e social. Quando o produto invade outras classes sociais, elas partem para outro artigo ou marca.

O mesmo ocorre com a nova classe média: o consumidor age como um espelho da classe alta.  Na impossibilidade de compra de um artigo original, o consumidor da nova classe média aceita outro, mesmo cópia reconhecidamente pirata, desde que guarde muita semelhança com o original. Mas, na medida em que o consumidor evolui economicamente, ele passa a exigir produtos originais, para representar com isso a sua ascensão social. A ostentação de consumo é uma forma de legitimar-se no topo da pirâmide social.  


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Marcos Cobra é professor da pós-graduação na Universitad de La Empresa (UDE), em Montevidéu, no Uruguai; conferencista e consultor de empresas nas áreas de marketing, serviços, planejamento estratégico e vendas no Brasil e exterior. Foi responsável pelo departamento de marketing e professor titular por 36 anos da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas.


6 de ago. de 2012

AS BASES DO ELOGIO E DA REPREENSÃO NA EMPRESA

Artigo publicado no jornal FOLHA DE LONDRINA, em 06/08/2012, na coluna ABRAHAM SHAPIRO, em Empregos e Concursos.



ABRAHAM SHAPIRO
Eu assistia a um stand up na tv, dia desses, quando o comediante disse: “Até os meus oito anos de idade, eu achava que o meu nome fosse ‘seu burro’ porque é assim que meu pai me chamava o tempo todo”.
As palavras têm poder. Elas criam ou destróem mundos inteiros.
Assim como um pai reforça a autoconfiança e a autoestima do filho através dos termos que emprega no relacionamento com ele, um chefe também ganha ou perde o funcionário dependendo dos elogios e repreensões que efetua.
O problema está em entender que um elogio no trabalho nada tem a ver com atributos pessoais do colaborador. Não se trata de dizer se ele é bom ou mau, bonito ou feio, educado ou não. Estes são julgamentos subjetivos. Do mesmo modo, uma repreensão jamais deve ser feita sobre situações pessoais do funcionário – especialmente num tempo em que processos por danos morais já são corriqueiros.
Tanto o elogio quanto a repreensão se fundamentam num único padrão de medida: os objetivos estabelecidos para a função que o funcionário exerce.
Quando ele é flagrado desempenhando seu papel com eficiência, o chefe deve fazer-lhe um elogio pela atitude que o flagrou desempenhando. E quando o funcionário se distancia do procedimento ou contradiz o que foi estabelecido em seus objetivos, ele é repreendido e instruído – ou treinado – a fazer o que se espera dele. Detalhe importante: em ambas as situações, espera-se que o chefe confirme sua confiança no funcionário, assim como sua certeza de que ele é competente para repetir ou abandonar a atitude em que foi flagrado.

A conclusão é que sem objetivos claros e mensuráveis que descrevam e possibilitem treinamento na função, nem elogios e nem repreensões terão bases na objetividade e, portanto, não funcionarão. Isto acabará significando desentendimentos, ineficiência e confusões frequentes. Quem perde? O chefe, o funcionário e a equipe. Quem paga a conta? Como sempre: a empresa.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é simplicidade. É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome - Inspirações para a Vida, o Trabalho e os Relacionamentos", Editora nVersos, 2012. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473

3 de ago. de 2012

O NOCAUTE DA NIKE



ABRAHAM SHAPIRO
Quem é a patrocinadora oficial das Olimpíadas? A Adidas. Eles surpreenderam os britânicos com a visita de David Beckham em uma cabine de fotos num Shopping Center. Frissom total. Beckham é considerado um dos maiores ídolos da torcida inglesa.
Em contrapartida, a Nike, que não tem nenhuma participação oficial nestes jogos, não ficou de fora.
O que a Nike fez? Revelou, dois dias antes da abertura dos Jogos, sua campanha global com uma abordagem totalmente contrária.
Pois é. Ela deu um nocaute na concorrente com um filme "anti-olímpico" que valoriza o esforço dos atletas amadores e mostra as "várias Londres" que existem pelo mundo. Foi um sucesso tremendo.
O filme, que chama “Find Your Greatness” – “Encontre a Sua Grandeza” –, destaca o esforço e vontade dos atletas amadores ao redor do mundo, onde qualquer lugar pode parecer-se com uma praça olímpica imaginária.
Essa estratégia, aliás, não é novidade quando se fala da Nike. Ela já faz precisamente isto com a Copa do Mundo, sendo reconhecida no final de cada edição como a principal patrocinadora mesmo não dando um único tostão para a FIFA.
Onde quero chegar?
Você que me lê neste momento e vibra com soluções brilhantes e baratas como esta, pare um pouco e avalie; repense o seu pessoal de marketing – seja interno, ou uma agência externa. Cuidado com charlatães. É fácil identificá-los. Eles falam uma língua que você não entende, são craques em dar boas explicações para ações que nunca funcionam, e custam caro.
Mas não se desespere. Há profissionais sérios. Quer descobri-los? Tome referências. Todas possíveis. Conheça as soluções extraordinárias e práticas que eles tenham criado para outras empresas.  
Só não vá assinando compromisso com quem lhe deixará arrependido para o resto da vida.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é simplicidade. É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome - Inspirações para a Vida, o Trabalho e os Relacionamentos", Editora nVersos, 2012. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473

2 de ago. de 2012

OLIMPÍADA E FORÇA DE MARCAS



ABRAHAM SHAPIRO
A Olimpíada de 2012, em Londres,  tem um patrocínio maciço da Coca-Cola e do McDonald's. As duas investiram mais de 1 bilhão de libras nos Jogos Olímpicos. O interessante é que não se trata de uma simples estratégia de produto, mas de resgate da força destas marcas. É que ambas são odiadas em Londres e no resto do país.
Coca-Cola e McDonald's  são alvos de um enérgico sentimento negativo entre os britânicos. Elas estão na mira de protestos, boicotes e retaliações pelas mais variadas razões.
Dois dos motivos são:
  1. que a linha de produtos que elas oferecem contrasta com os valores promovidos na Olimpíada, e
  2. a perseguição implacável aos empresários e comerciantes que tentam usar a Olimpíada para também conseguir algum lucro a mais.
E soma-se a isso o fato da Coca-Cola e o McDonald's estarem associados a uma imagem de problemas como obesidade infantil e outras doenças decorrentes de dietas pouco balanceadas. A ligação com os Jogos causa, portanto, certo estranhamento.
Mas há outras presenças curiosas entre os patrocinadores.
A Dow, gigante do setor químico, culpada pelo desastre de Bhopal, na Índia, e a British Petroleum, a petrolífera que causou o desastre no Golfo do México, em 2010, também pagam boa parte da conta da Londres-2012.
E tem mais. Numa Olimpíada que prometia carregar a bandeira da sustentabilidade ambiental, os carros oficiais do evento são sedãs da alemã BMW – grandes beberrões de combustível.
Este esquema de marketing de guerra foi preparado para proteger todas estas marcas. É exatamente isto o que se deve fazer quando uma marca começa a decair no conceito das pessoas: investir os recursos possíveis em alguma ação positiva a fim de que a opinião geral mude e as perspectivas de negócios voltem a existir.
Não é nada fácil, pois não depende só de dinheiro, mas acima de tudo, de atitudes. Portanto, para conseguirem o que querem, todas, é certo,  terão de percorrer uma verdadeira corrida com barreiras nesta Olimpíada.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é simplicidade. É autor do livro "Torta de Chocolate não Mata a Fome - Inspirações para a Vida, o Trabalho e os Relacionamentos", Editora nVersos, 2012. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473