31 de out. de 2011

É BOM CRER

Artigo publicado no jornal FOLHA DE LONDRINA, em 31/10/2011, na coluna ABRAHAM SHAPIRO, em Empregos e Concursos

ABRAHAM SHAPIRO

Há um empresário na cidade cujos negócios evoluíram muito nos últimos dez anos. Nesse tempo, gerentes, diretores e outras lideranças internas atuaram de modo assimétrico em suas empresas. Fizeram demais. “Rodaram” demais. O desgaste foi grande. Os lucros vieram. Porém, sem nenhuma coordenação. Nada resultou de uma estratégia ajustada. Ele ficou incomodado com isso.

Hoje, por questão de segurança e até pelo futuro, ele carece ter uma equipe alinhada ao ritmo de seu desenvolvimento. Quer solidez e assertividade.

Como se consegue isto? Com pessoas certas. E com treinamento; muito treinamento.

Ele nos procurou para conhecer nossa orientação. Após o terceiro encontro, identifiquei aquilo que será o seu maior obstáculo. Ele mesmo.

Ele não acredita em que as pessoas de seu grupo se comprometerão com um plano. Por isso, é centralizador e não delega nada a ninguém! As coisas importantes estão sobre os seus ombros todo o tempo.

Você leva seu filho ao médico e ele receita chá de boldo. Se você já provou o terrível sabor dessa erva e tenta convencer o menino de que não é ruim ele não confiará, porque você não acredita no que diz.

Nada acontece sem que se creia. Ninguém comunica confiança sem ter confiança. Palavras são por si mesmas vazias. Só quando geradas numa convicção persuadem.

Tudo em que se crê poderosamente se realiza. Vale também o contrário. A fé infunde vida às coisas, às ideias e aos planos. Sem ela, nada acontece. “Eu espero que dê certo”, ou “Se Deus quiser conseguiremos”, não é fé, mas esperança.

Nas empresas daquele próspero homem de negócios, nem o maior especialista em pessoas, nem o mais perfeito estrategista do planeta conseguiriam chegar ao ponto desejado sem que ele mesmo cresse nas diretrizes estabelecidas. O passo seguinte seria praticá-las. Só então os demais o seguiriam.

Quem não crê, não vive.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473

O ESPECTRO DE MALTHUS


Mundo chega a 7 bilhões de habitantes, segundo as imprecisas contas da ONU, o que reforça a necessidade de mais planejamento familiar

Editorial da edição de 30/10/2011 da Folha de S. Paulo


Calejado pelas violentas reviravoltas políticas de sua época, às quais sobrevivia graças ao espetacular cinismo, Charles-Maurice de Talleyrand (1754-1838) observou certa vez que "a alta traição é apenas um problema de data".

Numa conjuntura extremamente instável, a lealdade a determinado soberano poderia ser ato patriótico ou infame, dependendo do exato instante em que se manifestasse.

A frase de Talleyrand poderia ser aplicada, sem tanto cinismo, ao campo das previsões sobre o crescimento populacional. Desde que seu contemporâneo, o economista Thomas Malthus (1766-1834), formulou as primeiras previsões quanto ao esgotamento dos recursos naturais do planeta, incapazes de acompanhar o ritmo exponencial da reprodução humana, seu pessimismo foi aceito ou contestado conforme as circunstâncias.

A ascensão vertiginosa da população, que começava naquele século 18, só não redundou em fome catastrófica e barbárie porque, felizmente, foi acompanhada de igualmente vertiginosos avanços na tecnologia e na produtividade.

Segundo as aproximações estatísticas da ONU, naturalmente imprecisas diante da disparidade de dados entre os países, amanhã o planeta passa a contar com 7 bilhões de habitantes.

Tantas vezes afastado, o espectro de Malthus volta a rondar as especulações de alguns especialistas, agora preocupados com o impacto gravíssimo que não apenas o crescimento da população, mas também o próprio progresso tecnológico e material, podem ter sobre o ambiente.

Como na frase de Talleyrand, seria então o caso de dizer que a verdade do malthusianismo "é apenas questão de data"? Ninguém saberia responder com certeza. Novas fontes de energia e de matérias-primas podem, no futuro, anular as ameaças, hoje agudas, do aquecimento global e da escassez.

Se a população declinará nos países desenvolvidos, e mesmo em potências emergentes como o Brasil e a China, o ingresso de novos contingentes no mercado de consumo e no sistema produtivo, especialmente na África, tende a pressionar ainda mais o equilíbrio ecológico do planeta.

Seja qual for a resultante dessas tendências contraditórias, parece evidente que em países como a Nigéria (que iria de 163 milhões hoje a 730 milhões em 2100) a velocidade do crescimento populacional excede qualquer possibilidade de garantir um mínimo de bem-estar para seus habitantes.

A única política pública eficaz, em situações tão próximas da inabitabilidade humana, seria garantir o acesso universal ao planejamento familiar. Tanto quanto uma necessidade prática, trata-se de atender a um direito de escolha -o de ter ou não mais filhos-, negado justamente àqueles habitantes do planeta que menos condições possuem de assegurar um futuro digno a seus descendentes.

28 de out. de 2011

A APARÊNCIA IMPORTA

ABRAHAM SHAPIRO

A visão é o sentido que predomina em todas as situações de comunicação direta. Cuide de sua aparência, pois, isto é vital.

Mas cuidado. Você não precisa vestir-se com roupas de grife para mostrar uma boa imagem. Uma aparência decente tem quatro pontos principais. Se um deles faltar, o conjunto ficará incompleto.

O primeiro é higiene. Tome banho sempre. Seja limpo. Mantenha seus dentes e unhas limpos, mãos lavadas e cabelos também lavados. Para os homens: barba feita ou aparada.

O segundo é o cheiro. O perfume geralmente chega antes da pessoa. Use perfume com equilíbrio. Não exagere, pois, pode funcionar ao contrário, causando rejeição ou enjoo.

No homem e na mulher os sapatos são artigos importantes. Mantenha os seus limpos. Eles são as vestes de seus pés. Este é o terceiro ponto.

O quarto e último quesito que constrói a sua aparência são as palavras que você usa e o modo de falá-las. Seja apropriado sempre. Fale bem e conheça o sentido das palavras que você emprega. Evite ser um falador prolixo.

Fique atento à sua postura. Seja elegante, sem gastar todo o seu dinheiro com vestes. Elegância causa impacto positivo em qualquer ocasião.
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27 de out. de 2011

VERDADEIRA GRANDEZA

ABRAHAM SHAPIRO

A falta de conceitos na vida causa sofrimento e confusão. Não ter um entendimento claro sobre o que são as crises, por exemplo, impede-nos de tirar maior proveito delas e de sermos melhores indivíduos. Fugir de uma crise é fugir de uma oportunidade incomparável de se tornar grande. Quando você foge da responsabilidade que tem em um lugar para estar em outro, duas coisas ficam imperfeitas: o local onde era preciso que você estivesse e o local onde você se encontra agora, mas não devia.

A lição maior a respeito das crises pode ser aprendida por meio de uma pergunta aparentemente corriqueira: “E agora? Como vamos superar esta situação?” A saída ou solução que se encontrar será um excelente indicador qualitativo da magnitude humana de quem enfrenta a tal situação.
De uma vez por todas precisamos saber: não existe vida sem crise.

O que é crise? Os dicionários definem como “estado de súbito desequilíbrio, incerteza, vacilação ou declínio”.

As crises existem para extrair o melhor daquilo que há no ser humano. É quando a potencialidade oculta – desconhecida ou, até, inconsciente – pode tornar-se visível sob a forma de inteligência, brilhantismo, força, velocidade, eficácia, produtividade, boas idéias e muito mais.

Se há vida, há crise. Então, por que temos uma rejeição natural às dificuldades que são inerentes à própria vida? Por que reagimos com desânimo, fraqueza ou sentimento de auto-desprezo ao invés de coragem e bravura? Nossa objeção está na ótica com que encaramos nossos apertos.
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26 de out. de 2011

A PACIÊNCIA COMO COMPETÊNCIA DE OURO

ABRAHAM SHAPIRO

Daniel Goleman é um psicólogo norteamericano que acumula as funções de escritor de amplitude internacional e de consultor de empresas. A obra de maior destaque de Goleman é “A Inteligência Emocional”, na qual ele introduziu um novo modo de caracterizar as competências pessoais não mais através do Quociente Intelectual, mas do Quociente Emocional, chamado QE.

Segundo Goleman, é conclusiva a evidência de que a paciência desempenha o papel principal no sucesso de muita gente.

Mas o que é paciência? O próprio Goleman define como a capacidade de resistir ao impulso. O dicionário complementa com: virtude que consiste em suportar dissabores ou provocações com resignação, persistir numa atividade difícil, e ter calma para esperar o que tarda, entre outras definições.

Há uma passagem na história das grandes empresas envolvendo Sr. Konosuke Matsushita, que em 1918, com apenas 23 anos, fundou uma pequena empresa familiar chamada Matsushita Electric Industrial, contando com 2 empregados, e fabricando um plug para tomada elétrica, projetado por ele mesmo.

Hoje, as empresas que se ramificaram a partir da Matsushita se unem debaixo de uma marca de fama mundial. É a Panasonic – uma das maiores empresas do mundo em eletroeletrônicos.

O Sr Matsushita, com quase 90 anos de idade, dava uma entrevista a uma tevê americana. O repórter perguntou-lhe: “Qual a extensão dos objetivos a longo prazo que o senhor estabeleceu para a sua empresa?”.

E ele respondeu: “Nós temos objetivos de até 250 anos”.

O repórter ficou atônito ao ouvir uma resposta tão surpreendente e, de imediato, retornou-lhe a questão que transformou a entrevista em um encontro inesquecível e histórico. A pergunta foi: “Perdoe-me a curiosidade, o que é preciso para manter objetivos de 250 anos numa empresa?” E o velho Matsushita, sem hesitar, deu a resposta precisa, exata e inequívoca, com uma única palavra. Ele respondeu: “Paciência”.
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25 de out. de 2011

A INTENÇÃO POR TRÁS DAS AÇÕES

ABRAHAM SHAPIRO

Alguém entra no seu escritório aos gritos. Se você se perguntar: "O que é que ele deseja com isso?", poderá descobrir que provavelmente ele só quer a sua atenção para ajudá-lo a resolver algum problema que o aflige.

Todo comportamento, mesmo que aparentemente estranho ou condenável, tem uma intenção positiva quando analisado dentro do contexto e da experiência da pessoa que o exibe.

É importante exercitar a descoberta do que motiva a pessoa a agir de seu modo específico.

Mesmo que inicialmente não enxerguemos ou não aceitemos esta motivação, é possível desenvolver a capacidade de entender que intenção é esta. Aí está uma das mais difíceis lições de maturidade de qualquer indivíduo.

Seres humanos elevados entendem não ser necessário concentrar-se na aparência do que os outros fazem. Sabem que por trás – por pior que pareça  – sempre há algo que estas pessoas têm dificuldade em demonstrar com clareza. A compreensão nos relacionamentos depende sempre de nós.

Pratique e cresça também nisso.
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24 de out. de 2011

O SUCESSO DEFINITIVO

Artigo publicado no jornal FOLHA DE LONDRINA, em 24/10/2011, na coluna ABRAHAM SHAPIRO, em Empregos e Concursos



ABRAHAM SHAPIRO

Aquele senhor de uns sessenta anos sentado a meu lado no voo S. Paulo - Porto Alegre lia um jornal quando disse-me: “As pessoas não sabem mais o que é trabalhar. Desde criança eu acordo às cinco da manhã todos os dias. Eu sou bem sucedido porque foi com esforço que cheguei até aqui”.

Lá estava ele! Ilusório como o Monstro do Lago Ness ou o E.T. de Varginha; a espécie mais amplamente divulgada e jamais identificada. Seu nome? “Um homem bem sucedido”. Programas de televisão, artigos de jornais, grandes revistas e talk shows falam sobre a sua existência sem que nunca o tivessem visto de perto. E eu tinha logo ali, bem ao alcance da minha visão e sem meus “óculos de longe”.

Morris é um dos maiores empreendedores da bolsa americana, em Wall Street. Acorda diariamente às quatro da manhã. Trabalha sem parar até tarde da noite e tem satisfação e prazer no que faz. De onde vem sua motivação? Dele próprio? Do exterior?

O que, afinal, é o sucesso? O que na prática significa ser bem sucedido?

Imagine que você esteja assistindo a uma corrida olímpica de cem metros rasos. Um dos atletas acaba de bater o recorde mundial de 9,2 segundos. O segundo levou 9,6 segundos para cruzar a linha de chegada. Qual dos dois é o sucesso? O primeiro, naturalmente.

E se você soubesse que o segundo sofreu uma paralisia quando criança, esteve impedido de andar até a adolescência, gastou anos de dores com exercícios e fisioterapia até capacitar-se para competições? Você não vê as coisas por outra ótica agora? Sabendo “como” ele chegou até aqui, é bem provável que irá respeitá-lo mais e sentir uma grande admiração, mesmo não tendo ele levado a medalha de ouro.

O sucesso não tem a ver com o degrau em que você se encontra na escada, mas como fez para chegar onde está agora. A fórmula para se conseguir o verdadeiro sucesso encontra-se em uma palavra, e ela é: esforço.

Estou certo de que a conquista do verdadeiro sucesso – o que vem traz os anexos paz e tranquilidade – é direta e exclusivamente proporcional ao esforço investido em sua busca. De outro modo, o que se obtém é apenas ilusão – em absolutamente todos os casos.
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OTIMISMO OU LOUCURA?

ABRAHAM SHAPIRO

Li uma notícia sobre as estratégias que as empresas estão adotando como proteção contra as turbulências econômicas mundiais. Entre vários depoimentos de dirigentes preocupados, havia um totalmente à contramão das tendências. O tal diretor considerava prematuro traçar estratégias para combater uma crise cujos efeitos sua empresa ainda não sentia, e que por isso manteria seus planos de crescimento.

Uau!!! Sempre me atraio por quem segue a direção oposta à manada. Será que eu estava, enfim, diante de alguém que teria encontrado a fórmula da blindagem contra crises?

Fui a campo pesquisar! O que encontrei?

Surpresa!!!

Trata-se de uma indústria. O atraso nas suas entregas remonta a mais de dez meses. Seus clientes são completamente insatisfeitos com a qualidade dos produtos e com o atendimento. Seus representantes comerciais nos estados são seus maiores detratores e inimigos. E para completar, a empresa bate todos os recordes de ações trabalhistas de ex-funcionários em sua cidade e região.

Conclusão: um caso típico de Psicopatologia Corporativa. E como as empresas refletem a personalidade de seus dirigentes, é fácil entender que esta aí vive na Ilha da Fantasia... O mundo "derretendo", e eles achando que vão manter os planos de crescimento. Bem... os lixões e os cemitérios crescem o tempo todo – com ou sem crise...

Devaneio cai bem a artistas. Esse tal diretor iludido devia dedicar-se ao teatro, à musica, a artes que possibilitem desenvolver a sua imaginação. Imagine o risco que ele representa dirigindo uma empresa um mesmo um setor dela.

Vamos à prática.  Caso você ache que tudo vai bem quando o resto do mundo está, no mínimo, ressabiado, cuide-se. Você pode carecer de atenção profissional. Mas ainda há alguma esperança de  cura por enquanto.

Saiba que não é com "espírito de criança" que se encaram as dificuldades de uma organização. O “faz de conta” do mundo das fadas e bruxas só tem parte numa empresa quando o seu negócio é comércio ou indústria de brinquedos ou publicações infantis. Fora isto, é doença grave!
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23 de out. de 2011

UMA HISTÓRIA ANTIGA, VERDADEIRA E MUITO INCÔMODA

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Um homem vivia à beira de uma estrada e vendia cachorros-quentes. Não tinha rádio, não tinha televisão e nem lia jornais, mas produzia e vendia os melhores cachorros-quentes da região. Preocupava-se com a divulgação do seu negócio e colocava cartazes pela estrada, oferecia o seu produto em voz alta e o povo comprava e gostava.

As vendas foram aumentando e, cada vez mais ele comprava o melhor pão e as melhores salsichas. Foi necessário também adquirir um fogão maior para atender a grande quantidade de fregueses.

O negócio prosperava... Os seus cachorros-quentes eram os melhores! Com o dinheiro que ganhou conseguiu pagar uma boa escola ao filho. O menino cresceu e foi estudar Economia numa das melhores Faculdades do país.

Finalmente, o filho já formado, voltou para casa, notou que o pai continuava com a vida de sempre, vendendo cachorros-quentes feitos com os melhores ingredientes e gastando dinheiro em cartazes, e teve uma séria conversa com o pai:

- Pai, o senhor não ouve rádio? Não vê televisão? Não lê os jornais? Há uma grande crise no mundo. A situação do nosso País é crítica. Há que economizar!

Depois de ouvir as considerações do filho Doutor, o pai pensou: Bem, se o meu filho que estudou Economia na melhor Faculdade, lê jornais, vê televisão e internet, e acha isto, então só pode ter razão!

Com medo da crise, o pai procurou um fornecedor de pão mais barato (e, é claro, pior). Começou a comprar salsichas mais baratas (que eram, também, piores). Para economizar, deixou de mandar fazer cartazes para colocar na estrada.

Abatido pela notícia da crise já não oferecia o seu produto em voz alta. Tomadas essas 'providências', as vendas começaram a cair e foram caindo, caindo até chegarem a níveis insuportáveis.

O negócio de cachorros-quentes do homem, que antes gerava recursos... faliu.

O pai, triste, disse ao filho: - Estavas certo filho, nós estamos no meio de uma grande crise. E comentou com os amigos, orgulhoso:

- 'Bendita a hora em que pus o meu filho a estudar economia, ele é que me avisou da crise...'
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O texto original foi publicado em 24 de Fevereiro de 1958 num anúncio da Quaker State Metals Co.

20 de out. de 2011

ENVOLVIMENTO EM NEGÓCIOS

ABRAHAM SHAPIRO

Vi muitos empresários se envolverem de corpo e alma com suas empresas. Em muitos casos, a empresa ganhou. Em outros, ela perdeu. Um, em especial, chamou minha atenção e até mexeu com meu conceito pessoal de envolvimento em negócios.

No final do ano 2008, assumi o compromisso de levantar informações para uma empresa de logística. Pedi o prazo de um mês para prestá-las oficialmente. Preocupado em ser pontual, liguei para agendar meu encontro com o diretor. Sua secretária informou-me que eu teria de aguardar pelo menos dez dias mais. E explicou-me: “O Sr Marcelo Noma está fazendo uma rota de transporte de grãos com um comboio de caminhões e, pela previsão, só estará de volta lá pelo dia vinte”.

Chegada a data, eu o procurei. Ele chegara no dia anterior.

Recebeu-me com a alegria e cordialidade de sempre. Minha curiosidade, é lógico, me forçava a entrevistá-lo sobre aquela peripécia que houvera realizado. Do que se tratava esta rota de transporte de grãos?

Ele me contou. Tomou a direção de um de seus caminhões e saiu para ver, ouvir, aprender e desaprender sobre o seu ramo de negócios, sobre seus funcionários, preços do frete em várias regiões, os maiores e menores problemas do setor. Suas palavras foram precisas: “Em tempos de incerteza – disse Marcelo Noma – eu não podia confiar em dados de revistas, jornais, impressões de terceiros ou na percepção de quem nada ou pouco sabe sobre o meu negócio. A imprensa e os analistas conhecem genericamente. Por esta razão, eu aprendi a separar as ameaças das oportunidades que surgem em horas de prosperidade e em momentos de crise. Nestes dias fui em busca disso. Agora, já posso traçar o plano de ação para a minha empresa em 2009”.

Atitudes me impressionam. Sempre. Eu fiquei maravilhado com esta em especial. Marcelo Noma, diretor da Mano Logística, deu uma belíssima demonstração de como gerir uma empresa. Admirei sua iniciativa. Entendi, com clareza, que fundamental para o sucesso de qualquer negócio é, de fato, o envolvimento e o comprometimento de seus gestores.
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19 de out. de 2011

EM TEMPO DE UMA HOMENAGEM A STEVE JOBS

ABRAHAM SHAPIRO

Há poucos dias, a mídia mundial noticiou a lamentável morte de Steve Jobs. Em um de seus discursos, Jobs disse: "Se eu nunca tivesse frequentado o curso de caligrafia, o Mac não teria múltiplos tipos de letras e espaços proporcionais".

Num mundo onde as pessoas segmentam profissionais pela grife das escolas em que se formaram, o pensamento de Jobs é uma dissonância. Se eu tivesse dito isto, soaria como tolice. Mas foi Jobs quem falou. E o que se infere das palavras de suas palavras é que chegou a hora de aprendermos a avaliar pessoas por sua capacidade de realização, e não pelos cursos e diplomas que conseguiram colecionar.

Conheço imbecis diplomados nas melhores universidades do mundo. Gastaram fortunas movidos pela crença retrógrada de que a escola faz o aluno. Estão por aí, vendo a vida passar sem fazerem nada de efetivo por si ou pelo mundo. Eles se distinguem pelo quão excelente foi a formação que receberam.

Isto me lembra a biblioteca de livros fantásticos que um amigo rico tem em sua casa. Ele jamais leu nenhum. Mas herdou dinheiro de seu pai, e compra livros. Para quê servem? Penso que talvez sirvam como objetos de defesa contra assaltos, já que alguns são grandes e pesados.
A pergunta que não cala é: “Tudo bem. Já sei de seu diploma. Mas o que você fez com a grande educação que recebeu?”

Por outro lado, conheço profissionais que conseguiram um diploma de curso à distância, e hoje dominam perfeitamente o que estudaram, fazendo coisas importantes para si e para as organizações onde trabalham.

As escolas devem nos ajudar a criar conexões a fim de solucionar problemas. Mas depende de nós.

Jobs nunca recebeu diploma de faculdade alguma. Ele atribuiu os créditos do desenvolvimento do Mackintosh a um cursinho de caligrafia. Lembra-me o axioma: “Chocolate não engorda. Quem engorda é você”.

Faculdade não é algo bom nem ruim. A questão é “o que fazer com o que se aprende lá?”
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18 de out. de 2011

NOVAS PROPOSTAS PARA A RETENÇÃO DE TALENTOS

ABRAHAM SHAPIRO

A disputa por profissionais qualificados no mercado está acirrada. Muitas empresas se veem obrigadas a fazer "leilão" de ofertas para não perder suas peças-chaves.

Somente uma cultura empresarial forte pode evitar que a empresa acabe "refém" do assédio da concorrência a seus funcionários. Para conseguir isto, o perfil da empresa tem de ser bem definido. Remuneração competitiva é só uma vantagem. A retenção deve ser baseada em outras estratégias, como: a distribuição de projetos que deem visibilidade ao profissional e garantia de crescimento de longo prazo na carreira.

Um ambiente que priorize boa comunicação com os líderes e promova a confiança pode ser mais eficaz na retenção do que aumentos de salário e promoções por força do momento presente.

Estes fatores dependem muito da cultura. E encontrar e definir a própria cultura não é fácil. Depende de valores reais e de líderes se responsabilizem por aplicá-los e reforçar tais ideias. E estes líderes? Você os tem? Talvez nunca tenha sequer promovido um treinamento de liderança em sua empresa!

Identifique os bons gerentes ou candidatos. Comece o seu processo de retenção por eles. Em seguida, identifique outros que mereçam receber algum investimento. Ofereça formação e aumentos salariais meritórios. Mas vá com calma. E lembre-se que as oportunidades vão diminuir porque o mercado vai se desaquecer em algum momento.

Supere o fator financeiro. Dinheiro é importante, sim. As pessoas trabalham pela remuneração. Mas ligue-se nas tantas pesquisas que mostram que as pessoas querem se sentir satisfeitas com o trabalho. Se elas não estiverem, só salário não as retém.

Desafie os seus funcionários com oportunidades que contribuam para sua formação geral. Invista em treinamento e desenvolvimento. E se nada disso funcionar, o melhor mesmo é estar preparado para dizer: "Obrigado por tudo. Sentimos muito, mas chegou a hora de você procurar emprego em outro lugar".
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17 de out. de 2011

QUEM QUER SE APOSENTAR?

Artigo publicado no jornal FOLHA DE LONDRINA, em 17/10/2011, na coluna ABRAHAM SHAPIRO, em Empregos e Concursos

ABRAHAM SHAPIRO

A ideia de que se aposentar faz bem à saúde porque propicia mais tempo para o descanso é ultrapassada. A ciência diz que manter o cérebro ativo é essencial para preservar as funções cognitivas.

Ao se distanciar da massa de novas informações e do ambiente de trabalho no dia a dia, o aposentado pode se sentir alijado da sociedade. O que fazer depois? Ler jornais? Assistir à TV? E ter a sensação de que, enquanto o mundo avança, ele se torna um personagem do passado? Está aí um sentimento que é uma porta aberta para a depressão. Nessas condições o aposentado corre o risco de se sentir velho e inútil – o que ele não é. Uma nova atividade, mesmo que não traga retorno financeiro, pode evitar essa armadilha.

Muita gente quer largar o trabalho por estar farta de horários, chefes e reuniões e joga fora a experiência de uma vida profissional. Isto é um desperdício. O mais lógico é tirar partido desse conhecimento acumulado, com horários mais flexíveis e agenda menos apertada.

Abrir uma consultoria ou prestar serviços para a antiga empresa são as alternativas mais comuns. Mas não as únicas. O primeiro passo é descobrir como fazer isso. Não se deve pensar em quanto se vai ganhar, e sim em que áreas é possível ser produtivo, já que dificilmente se conseguem rendimentos iguais aos do tempo na ativa.

A coisa mais séria sobre aposentadoria que já ouvi foi em uma entrevista do Sr Elie Horn, controlador da Construtora Cyrela. O que disse o Sr Horn? “Aposentadoria é covardia. Se você tem alguma inteligência ou algum conhecimento e se aposenta, você priva o mundo daquilo que você tem. Você está sendo egoísta. Parar é covardia. Eu preciso devolver ao mundo o que o mundo me deu. E aposentadoria, como forma de egoísmo, não resolve a vida das pessoas, e nem do mundo”.

Pessoas com um sentido na vida certamente pensarão assim.

Pense no seu significado e no seu papel no mundo antes de se aposentar!
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14 de out. de 2011

GENÉTICA INCLUENCIA FORMA COMO AS PESSOAS LIDAM COM DINHEIRO

Viviam Klanfer Nunes

Estudo constatou que a maneira como os seres humanos lidam com o dinheiro está em grande parte associada com sua carga genética. Além das influências sociais, gastar demais ou ser um grande poupador pode ser uma característica determinada hereditariamente.

O estudo foi realizado por dois pesquisadores, um da Universidade de Washington, Stephan Siegel e outro do Claremont McKenna College, Henrik Cronqvist, que observaram 15 mil duplas de gêmeos na Suécia. A conclusão que chegaram foi que os irmãos lidavam com o dinheiro de maneira muito semelhante, mesmo no caso daqueles irmãos que já haviam perdido o contato com a família.

Predisposição comportamental

O estudo mostrou que as pessoas já nascem com uma predisposição para lidar de forma inconsequente ou cuidadosa com o dinheiro. Mas apesar dessa herança, que pode ser determinante para as pessoas terem uma ou outra postura perante o dinheiro, vale pontuar que apenas um terço do comportamento é reflexo da carga genética.

Outros fatores que afetam a forma como se lida com o dinheiro são as experiências de vida e a educação financeira. Assim, a forma como os pais lidam com o dinheiro, pode refletir no comportamento do filho. Apesar disso, a pesquisa também constatou que a medida que as pessoas envelhecem essa influência vai ficando cada vez menor. Na casa dos 40, a influência dos pais é praticamente nenhuma.

No que diz respeito à tentativa de fazer com que as pessoas mudem seus hábitos de consumo, em sua conclusão, os pesquisadores orientam que por mais que seja necessário tornar um gastador em poupador, não adianta querer mudar a pessoa de uma vez só. O mais indicado é sugerir mudanças sutis, como estimular investimentos e a criação de um plano de previdência em vez de simplesmente proibir determinados gastos.

OS ATRIBUTOS DA GERAÇÃO Y

ABRAHAM SHAPIRO

Eles têm entre 20 e 30 anos. Vivem rodeados de tecnologia, preocupados com o meio ambiente, cresceram brincando com jogos eletrônicos, fazendo muitas coisas, e têm contatos ao redor do mundo mesmo sem sair de casa. Eles estão dominando o mundo!

Estou falando da Geração “Y”, os jovens nascidos dos anos 1980 e também classificados  como "Geração do Milênio" por chegarem à juventude no início dos anos 2000.

Eles cresceram usando a Internet sem dificuldade e são peritos em desenvolver habilidades. Sabe como? “Fuçando”. Trabalham com o que gostam, têm experiência em diversas áreas e, no trabalho, passam por várias funções a fim de chegar aos seus objetivos.

Empregos rotineiros ou operacionais não os atraem. Função repetitiva não é com eles. Não gostam de mesmice, e adoram novos desafios.

A vontade de encarar uma coisa nova a cada momento pode ter origem nos jogos eletrônicos que os “Y” cresceram utilizando. Eles trouxeram de lá para a vida real a ideia de passar de fase e superar obstáculos.

As empresas estão perdidas. Ainda não sabem lidar com pessoas que não se dão com funções repetitivas e querem ser desafiadas. Estamos diante de um sério problema de gestão de pessoas. E parece que o posicionamento de que o mercado não pode mudar só para atender a uma geração específica de nada adianta.

Por outro lado, é certo que qualquer empresa deve evoluir a fim de dar conta do “novo”. As que conseguirem isso primeiro vai abocanhar a maior porção de sucesso, pois a Geração Y vai rápido em busca de seus alvos.

Mas fique calmo. Nem todos os jovens nascidos nos anos 80 apresentam todas as características de sua geração. Alguns são mais representativos, outros menos.

Em todo caso, comece a observar o seu quadro de funcionários. Busque identificar este perfil de colaboradores e adapte-se para tratá-los melhor, com sabedoria, e não com inflexibilidade ou conservadorismos. A razão? O futuro é deles. E é mesmo!
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SECRETÁRIA DE CONSULTÓRIO MÉDICO

ABRAHAM SHAPIRO

Responsabilidade é o ponto mais forte de uma secretária de médico ou de clínica.

Conheço uma que é exemplo de competência. Ela é quem efetivamente faz o consultório funcionar como elo principal e mais precioso entre o médico e os pacientes. Seu nome é Suzie Helena. As coisas por lá seriam um inferno sem ela, pode crer.

Não há engano maior de um médico que reputar como secundário ou mecânico o papel da secretária, já que a rotina do atendimento em um consultório ou clínica envolve situações delicadas.

Por exemplo, a chegada do paciente é o momento em que ele se encontra mais fragilizado, porque deseja ver o seu problema resolvido com rapidez. A Suzie proporciona a ele sensação de que está no lugar certo.

Para que atinja os objetivos de sua função com excelência, a secretária do consultório precisa de duas habilidades próprias: lidar com pessoas e saber traduzir a linguagem não verbal dos pacientes. Ela carece de sensibilidade no trato para perceber as reais necessidades de cada indivíduo.

Cursos regulares normalmente não instruem sobre como fazer isso. Só a prática aperfeiçoa a técnica. Por esta deficiência, muitas secretárias iniciantes ficam estressadas ou acabam caindo no descaso – que é a maior reclamação dos pacientes.

O que mais ela deve evitar? Distinção no tratamento. Receber um paciente com mais entusiasmo na frente daquele que foi tratado com indiferença ou assertividade é uma fraqueza imperdoável.

A Suzie vive algo incrível decorrente do bom relacionamento e conhecimento das pessoas que conseguiu juntar em anos. Todos os dias ela chega em casa com um ou vários presentes. Os clientes reconhecem o seu trabalho e a premiam por sua prestatividade. Sua realização advém, sobretudo, da motivação que recebe dos clientes e amigos.

A marca registrada de uma secretária de médico? Direi em três palavras muito comumente usadas hoje em dia: jogo de cintura. Acho que isso diz tudo!
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473

12 de out. de 2011

BELEZA AJUDA OU ATRAPALHA NO MERCADO DO TRABALHO?

ABRAHAM SHAPIRO

Em maio deste ano, numa conferência da Sociedade Britânica de Economia, dois israelenses apresentaram um estudo mostrando que a beleza ajuda homens e prejudica as mulheres na hora da seleção para um emprego.

O estudo, iniciado na década de 1970, mostra que os belos ganham mais e são promovidos mais rapidamente. A diferença que os israelenses apontam é a questão da suposta discriminação das mulheres bonitas na hora da escolha, reduzindo suas chances de contratação em até 30%.

A hipótese formulada para explicar os resultados é polêmica. Como a área de recursos humanos tem mão de obra predominantemente de mulheres, o motivo é a inveja feminina. De fato, no Brasil, pesquisa do Portal Catho Online, com 200 mil empresas cadastradas, mostrou que elas são 60% da mão de obra da área.

A Fundação Getúlio Vargas realizou levantamentos sobre a influência da estética feminina no mercado de trabalho. Um deles, com 15 executivas, demonstra que ser bonita demais é prejudicial. Depende do perfil da empresa. Mas um dos trabalhos afirma que é tênue a linha entre a vantagem e a desvantagem da beleza.

Há o caso de uma jovem muito bonita, tipo modelo, que um gerente queria contratar. O diretor da empresa vetou a admissão com a justificativa de que o gerente não conseguiria se concentrar.

Todas as entrevistadas de uma das pesquisas da FGV afirmaram que preferiam ter um gestor homem. Uma delas declarou: “As mulheres caem fácil na falsidade e na inveja. Quando tive uma chefe mulher, precisava pensar muito para falar, e não podia ser direta, pois tinha medo de como seria interpretada."

O assunto é polêmico e põe o antigo adágio de que “beleza não se põe à mesa” sob suspeita. Não é para menos. Num mercado de trabalho onde as mulheres ainda ganham em média 25% menos que os homens, imagine o que não há de polêmico e sequer foi ainda levantado?
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11 de out. de 2011

LAMENTAÇÕES DE UM EMPRESÁRIO

ABRAHAM SHAPIRO

“Sr Shapiro. Não é fácil ser empresário” – assim começava o e-mail que foi-me enviado por um industrial. “Às vezes penso que ao invés de uma empresa eu devesse ter investido numa banda ou em um atelier de artes. As coisas chegam a tal ponto que ser empresário hoje não é muito diferente do inferno de Dante Alighieri, na Divina Comédia”.

E continua: “Que os impostos são escorchantes, disto eu sabia. O mercado é complicado, sim. Propagandas na TV só funcionam quando veiculadas dez vezes mais do que se imagina, está nos livros. E as pessoas? Sr Shapiro! Ter que fazer o funcionário pensar o que jamais pensaria, agir como nunca agiria, e pagar caro para ter como resposta “corpo mole”, sacanagem, boicote, ressaca de pinga na segunda-feira, ressaca de droga na sexta, isto faz de qualquer negócio um pacote quase impossível de carregar”.

“Hoje estou convencido de que os problemas de produção e venda de minha fábrica não vêm de fora, mas aqui de dentro. São resultado da maldade, da vagabundagem e das armadas que muitos dos funcionários praticam como revolta contra o mundo, contra Deus, e até contra o fato de terem nascido”.

Minha resposta:

“Prezado Sr empresário. Pessoas são o ponto fraco de toda empresa. Mas também é seu ponto mais forte. Qualquer sucesso em negócios só é possível por causa do comprometimento das pessoas comprometidas.

Este é a razão porque, do mesmo modo que a empresa carece de um engenheiro no processo, de um financista nas finanças, ela também necessita de um especialista na administração dos Recursos Humanos.

Parece que o senhor não tem alguém entendido neste assunto. Seus problemas prosseguirão enquanto a solução não for profissional.

Se há alguém lá na sala de RH que só sabe conferir cartão ponto ou emitir folha de pagamento, sua situação é exatamente como você descreve. Invista em um especialista referenciado o quanto antes... ou você continuará chorando”.
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10 de out. de 2011

EMPRESA OU MOSTEIRO?

Artigo publicado no jornal FOLHA DE LONDRINA, em 10/10/2011, na coluna ABRAHAM SHAPIRO, em Empregos e Concursos

ABRAHAM SHAPIRO

É certo que nós, brasileiros, temos uma facilidade enorme de ir dos oito aos oitenta num piscar de olhos. Talvez seja a predominância do clima tropical ou a etnia. Mas distanciar-se do ponto de equilíbrio às vezes pode comprometer a situação de modo injustificável, quando não irreversível.

Na ocasião em que o ex presidente Lula quis comprar uma aeronave para suas viagens, a opinião pública se mostrou contrária ao gasto de 57 milhões de dólares. No ápice das discussões os jornais noticiaram algo que, de certa forma, moderou as críticas até fazê-las desaparecer. O presidente Lula calou as argumentações declarando que a decisão era sua, e ponto final. Ele acabou determinando, inclusive, qual avião mais convinha ao Brasil.

O que fez Lula? Algo comum na política e aparentemente ausente na área empresarial. Digo “aparentemente” porque o empresário tem mania de querer parecer-se diferente do político. No fim das contas, porém, as táticas de argumentação na política e na empresa pouco diferem entre si.

Do que estou falando? Após um soco na mesa do presidente Lula tudo mudou na questão da aeronave, que logo cruzava os ares do planeta batizada com o apelido de Aerolula.

É senso comum que o soco na mesa é uma desprezível forma de mostrar força. Mas há momentos em que só um soco na mesa impõe medo em adversários e desafetos. E eles não são uma exclusividade da política. Pelas empresas onde passo encontro ao menos 30% do pessoal disposto a puxar os planos para baixo ou no sentido contrário ao rumo que a inteligência e a estratégia apontam. Nestas horas a contrariedade ultrapassa a medida, a divergência cresce, os envolvidos mostram-se teimosos acima dos níveis suportáveis pelo caixa ou pela paciência dos demais. É quando um soco na mesa faz toda a diferença.

Se isto já aconteceu na sua companhia, não se assuste. É normal. Do contrário, verifique se você não tem estado em um mosteiro em vez de sua empresa. Pois se o pessoal é tão comtemplativo e reflexivo a ponto de jamais precisar de um soco na mesa, está perfeitamente explicado seu desinteresse por fazer negócios.
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7 de out. de 2011

VENDEDORES SÃO COMO UMA EMPRESA INDIVIDUAL

ABRAHAM SHAPIRO

Um gerente comercial chegou dizendo: “Temos que mexer na comissão desses vendedores. Assim não dá. O Francisco vai ganhar mais do que eu este mês!”

Há duas modalidades de ganho por trabalhos prestados. Uma é o salário fixo. O funcionário recebe um valor monetário inalterável pelas tarefas que executa. A outra é o ganho variável, em que o profissional ganha uma porcentagem dos resultados da tarefa que desempenha.

O ganho variável é uma prática comum em vendas. É simples de entender: vendendo pouco, o ganho é pequeno; vendendo muito, o ganho é proporcionalmente grande. O percentual depende do montante sobre o qual incide.

Aquele gerente comercial incomodado com o fato do vendedor Francisco ganhar mais que ele demonstra uma visão míope dos papéis que ambos desempenham.

O vendedor tem que vender. Ele vive disso. Quanto mais vende, mais a empresa ganha e ele também, já que é comissionado.

A missão do gerente comercial é prover condições necessárias para que a força de vendas da empresa funcione plenamente. A julgar pelo modo como reputou o contracheque do Francisco, este chefão inconformado não entende os objetivos do negócio em que atua.

Uma empresa com vendedores precisa, antes de tudo, ter a aptidão de enxergar cada um deles como um empresário independente, como uma pequena empresa dentro de outra maior. Assim, o papel do gerente comercial só se cumpre quando auxilia o vendedor a prosperar em suas vendas e, assim, obter os resultados que irão positivar o balancete da empresa-mãe.

O que fazer? Olhe pela equipe comercial de sua empresa. Calibre a sua percepção sobre a importância de seu time de vendas. Trabalhe, trabalhe duro para que os seus vendedores ganhem bastante bem... se possível, mais do que o seu pró-labore, pois esta será a maior prova de que eles funcionam, e de que você tem uma equipe eficaz.
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6 de out. de 2011

DEFININDO A LOCALIZAÇÃO DE UM NEGÓCIO

ABRAHAM SHAPIRO

Localização, localização... este é o mantra repetido por quem pretende abrir um negócio próprio ou inaugurar uma filial, incluindo pequenos empreendedores.

Como um empresário pode descobrir o que torna um ponto ideal para abrir sua empresa?

‘Conhece-te a ti mesmo’ é a máxima que pode também ser aplicada pelo homem de negócios em busca do espaço comercial desejado. Como? Identificando exatamente suas necessidades, o público que pretende atingir e se esses potenciais consumidores estão no raio de ação do futuro endereço comercial.

A localização ideal depende diretamente do tipo de produto e da forma como as pessoas compram esse produto.

Mas cuidado. Isto não significa necessariamente que o negócio deva estar situado na principal avenida do bairro ou na mais movimentada. O entorno de um corredor comercial muitas vezes funciona bem para pequenos negócios, com menor poder financeiro para bancar o melhor ponto. Tudo depende do tipo de negócio.

Uma loja de atacado pode estar em uma área mais afastada, já que, quanto mais longe, mais barata é a locação. E preços nesse tipo de negócio são um fator essencial.

O acesso deve ser relativamente fácil, de transporte público ou de carro, dependendo do público-alvo, afinal, este fator é responsável por 50% do sucesso de um negócio no varejo. Os outros 50% são a gestão. Apesar de ser uma recomendação básica, muitos empresários ainda não sabem gerir seus negócios do modo correto. Erram por não saberem o que e para quem desejam vender.

Quanto à concorrência, é recomendável que haja outras lojas próximas para atrair mais consumidores, desde que não estejam focadas exatamente no mesmo nicho.

No entanto, evite entrar em qualquer negócio sem o mínimo necessário de capacitação. Não há sorte no universo capaz de lhe fazer dar certo sem algumas habilidades, aptidões e competências. Só por milagre. Mas este não é um assunto de que tratamos neste boletim.
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4 de out. de 2011

A DESMOTIVAÇÃO NO TRABALHO

ABRAHAM SHAPIRO

Façamos uma rápida avaliação. Que tipo de colaborador você tem sido na sua empresa? Você está entre os que vão ao trabalho e fazem apenas o suficiente para continuar empregados? Ou entre os que têm ousadia para inovar?

Uma consultoria norteamericana, com filial no Brasil, acaba de concluir pesquisa revelando que 31% dos funcionários estão acomodados no emprego. O estudo, que define esses profissionais como "inefetivos", foi feito com 260 mil trabalhadores de 85 empresas de todos os setores - indústrias de base, de transformação, serviços, setor público e terceiro setor.

“Inefetivos” são os trabalhadores que entregam menos do que podem. Não se sentem engajados com a empresa e acham que não dispõem de suporte necessário para desenvolver suas atividades. Esse tipo de trabalhador costuma permanecer na organização por causa do salário e até porque gosta dos colegas. Ele vive uma "aposentadoria mental", e mesmo com responsabilidades, não tem sonho de crescimento e nem investe na sua formação ou qualificação.

A desmotivação é o que empurra o profissional para a acomodação. Ela é detectada em todas as áreas, níveis hierárquicos e idades. Em muitos casos, a organização não oferece possibilidades de crescimento e o retorno, inclusive financeiro, não é o esperado pelo funcionário, que começa a ficar desestimulado. Geralmente ocorre quando o trabalhador tem de quatro a cinco anos de empresa. É quando ele se acomoda na empresa e na carreira.

Ao identificar um profissional acomodado, o gestor tem como reverter a situação. Deve, por exemplo, propor mudança de área. A empresa também pode contribuir por meio de algumas ações, como comunicar com transparência os rumos do negócio, passar visão otimista à equipe e oferecer maior autonomia ao funcionário.

A solução, porém, está nas mãos do profissional. Jogar a culpa e a responsabilidade na empresa não é a melhor saída.

Se isto é o que se passa com você, pergunte-se o que pode fazer para mudar o quadro. Leia, faça um curso de reciclagem, contrate um coaching, mas dedique-se à cura deste mal profissional, pois, não é a empresa que está com problemas, e sim você.

Mude-se para promover mudanças externas.
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3 de out. de 2011

CURRÍCULOS COMUNS

Artigo publicado no jornal FOLHA DE LONDRINA, em 03/10/2011, na coluna ABRAHAM SHAPIRO, em Empregos e Concursos

ABRAHAM SHAPIRO

De tudo o que percebemos mudar sob efeito da tecnologia e da conectividade, é impressionante notar que currículo continua sendo o que sempre foi.

A cada semana, dezenas deles chegam às minhas mãos, quando não centenas. Inexplicavelmente ainda são apenas aquela vitrine pobre e fraca dos aspectos pouco interessantes e nada concludentes dos profissionais. Cursos, palestras, metas que atingiram em empregos anteriores são tópicos presentes em quase todos. Não que isto não devesse entrar. Mas é básico; não diferencia. As particularidades ficam fora. E são elas que interessam e somam valor real.

Na língua hebraica, o ser humano é denominado pela palavra ADAM. Este também é o nome que recebeu o primeiro homem na Criação. Esta palavra é curiosa, pois, só ela, em todo o dicionário hebraico, não apresenta forma plural. O que se aprende disso? Cada ser humano é ímpar. Isto devia estar na consciência de cada habitante deste planeta.

Um currículo deve conter um nível tal de informação que comunique este aspecto único e particular da pessoa a quem descreve.

O Rafael é um estagiário de Marketing em uma indústria de móveis. Ele produz conteúdo para publicação nos canais de mídias sociais e comunicação virtual da empresa. Em nossa última reunião de avaliação de seu trabalho, ele fez uma análise realista sobre o que funciona ou não nessas ferramentas. Falou dos objetivos atingidos em cada canal. Quando lhe perguntei o que fazer a respeito, ele indicou sem vacilar o que devia ser cortado e mantido. Argumentou bem, supriu suas teses com dados e mostrou segurança em sua defesa. Eu exaltei seu senso de decisão e o encorajei a fazer o que pretendia.

Capacidade de abandonar o que não funciona e fortalecer o que dá certo é uma competência a constar no currículo do Rafael. E isto certamente despertaria o interesse de “n” caçaores de talentos.

Anote aí a receita. Um currículo deve dar destaque para a criação de coisas notáveis e de histórias marcantes – e não de quanto a pessoa é boa para cumprir metas. Este é o desafio!
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1 de out. de 2011

UMA EMPRESA ANTI-MARKETING?


O Google acha que seus produtos devem triunfar pela qualidade, não pela publicidade

Andrei D´Angel

Quando Steve Jobs anunciou sua saída da presidência da Apple, semanas atrás, lamentou-se a aposentadoria precoce de um CEO que detinha um raro talento: o de enxergar produtos de alta tecnologia pela ótica do consumidor, e não do engenheiro. Com isso, conseguiu que a Apple fabricasse itens tecnologicamente avançados, bonitos e de fácil utilização pelo consumidor médio – evitando que fossem acometidos pela “síndrome do videocassete”, aparelho cujas algumas funções só eram dominadas por “17 pessoas no mundo”, segundo Luis Fernando Verissimo em uma crônica. Jobs, por isso, era uma espécie de estranho no ninho da tecnologia: um homem de marketing num setor dominado por engenheiros e informatas.

As habilidades de marketing de Jobs, no entanto, iam além da capacidade de pensar um produto pela ótica do consumidor. Ele era capaz, também, de valer-se de seu poder persuasivo para convencer os consumidores de que os produtos da Apple eram superiores, inéditos, fabulosos – mesmo quando não passavam de (competentes) recombinações de funções desempenhadas por aparelhos concorrentes. Jobs era um bom vendedor do próprio trabalho, como mostraram suas inúmeras aparições em eventos de tecnologia da Califórnia, quando apresentava as novidades da Apple para o ano que começava.

Essa segunda habilidade marketeira de Jobs é tão ou mais difícil de ser igualada que a primeira. Facebook e Google, por exemplo, têm sido felizes, na maior parte das vezes, em criar produtos úteis e interessantes para os consumidores – mas não necessariamente em fazer o indispensável barulho a cada novidade. Em uns casos, por falta de capacidade; o anúncio das novas funções do Facebook, semana passada, tentou imitar o estilo Jobs de apresentação, mas Mark Zuckerberg não conseguiu ser nada além que uma figura sem graça sobre o palco.

Em outros casos, porém, trata-se de uma opção, digamos, “filosófica” – categoria na qual se enquadra o Google. Segundo Douglas Edwards, autor de um recente livro sobre os bastidores da empresa, os fundadores do Google sempre odiaram “a idéia de publicidade: eles acreditavam que boas ideias se venderiam sozinhas” (Folha de S. Paulo, 17/08/2011). Algo que a revista Fast Company de abril deste ano confirma:

“A persuasão ofende a crença meritocrática do Google. A empresa se tornou a maior ferramenta de busca do mundo porque construiu o melhor produto, não porque criou melhores anúncios de TV que o Yahoo.”

Uma crença que a própria revista trata como ingênua, e que acarreta prejuízos para a empresa:

“Muitos dos avanços do Google ficam desconhecidos do público porque ninguém ouviu falar deles. Os donos de iPhone sabem que o Android permite ao usuário ditar e-mails por voz? Imagine o marketing que a Apple faria disso.”

A tal filosofia do Google é perigosa. Inúmeras tecnologias superiores fracassaram por terem perdido, justamente, a batalha do marketing – seja aquela travada no campo da divulgação, da distribuição ou do preço. O Betamax era superior ao VHS, o teclado tipo DVORAK melhor que o QWERT e os Macs, mais amigáveis que os PCs – mas nenhum deles triunfou. Um bom produto é um bom começo, mas não uma garantia de sucesso.

Por isso, surpreende que uma empresa moderna, como o Google, defenda um ponto de vista tão rudimentar. Quantos bons produtos e serviços o Google não deve ter deixado de transformar em vencedores simplesmente por negar-se a badalá-los? Quão perigosa não é essa crença de que o sucesso da ferramenta de busca pode ser repetido ad infinitum em novos empreendimentos da companhia?

No avançado setor de alta tecnologia, como em todos os outros, vale uma imagem tão antiquada quanto verdadeira: tão importante quanto botar o ovo, é cacarejar.
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Andrei D´Angel é consultor.