14 de jul. de 2009

VOCÊ BUSCA RESULTADOS OU SUPER-HOMENS?

ABRAHAM SHAPIRO

Os modelos gerenciais atualmente empregados nas empresas têm uma vantagem relevante em relação aos propostos nas últimas décadas. Eles abandonam a visão do “homem-máquina” e o promovem ao status de “ser humano” com sentimentos, ambições, potencialidades e, até, uma alma.

Esta concepção está correta quando considera que as pessoas têm carência de se verem importantes com aquilo que são em seu trabalho, pois - a propósito, convém lembrar - elas vivem enquanto trabalham, elas têm identidade, têm valores, sua percepção própria do mundo, abordagens pessoais e opiniões sobre o cotidiano. Elas levam tudo isso para onde quer que vão ou se estabeleçam.

Mas, ao mesmo tempo, contém graves erros. Um deles é a tendência de criar um perfil irreal com que as empresas saem em busca de profissionais. Refiro-me à exigência de habilidades totalmente dispensáveis e inócuas, de um lado, e exageradas, de outro. Exemplos: duas ou três línguas estrangeiras para uma função que jamais fará um único contato fora do país; pós-graduações mirabolantes, MBA´s, experiência internacional e outras requisições de quem não fará senão mínimo uso destes quesitos.

O profissional desejável é, hoje, uma imagem quase hipotética, com existência só possível em livros, artigos de gurus de ocasião, filmes ou anúncios de revistas de grande circulação. Engajar-se numa carreira promissora contando apenas com formação adequada e potencialidades inatas é tarefa cada vez mais complicada.

Para se enquadrar a tal formato, o sistema requer esforços e investimentos monetários eventualmente inacessíveis a pessoas que têm ótima capacidade, porém, não recursos financeiros.

Como conseqüência, o nível de insatisfação pessoal tem crescido a patamares alarmantes junto de falsas expectativas, frustração e desajuste de valores. Muitos talentos são suprimidos do mercado por conta de impossibilidade de correspondência ao solicitado.

Se o fluxo de captação de talentos em sua empresa tornou-se rareado, reveja os critérios de recrutamento e seleção adotado pelos responsáveis desta área. Evite o estereótipo utópico e atenha-se à realidade. Desta forma, ao invés de super-homens impossíveis, você passará a ter chances de encontrar gente competente que lhe ajudará a atingir resultados reais ou, falando com máxima clareza: "lucros".
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473